POR MARI MONTEIRO
EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.
quinta-feira, 7 de setembro de 2017
NOSSA CASA: DESCANSO OU CONFINAMENTO? (OUR HOUSE: REST OR CONFINEMENT?)
A maioria de nós já
entrou numa casa em que não se sentiu nem um pouco à vontade. Comigo já
aconteceu diversas vezes. Toco a campainha,
a pessoa abre a porta e parece que se abre um portal. Tudo impecável. Parecem
aqueles apartamentos decorados pra visitação. Até o “entre” dito assusta,
porque a gente fica sem saber se tira ou não os sapatos... E o “sente-se”? Que
medo! A gente logo afasta as almofadas, porque vai que amassem? Olho em volta e
nada além de oura assepsia e brilho. Não
me mexo até a pessoa chegar. Daí por
diante é tudo solenidade. Isso não é uma visita a uma casa. Assemelha mais a
uma visita ao dentista e olhe lá.
Não misturemos as
coisas. Gosto de ambientes limpos. Vocês também. Falo da frieza e da
intimidação presentes em alguns lugares. A desarrumação é sinal de presença e
não de falta de higiene. Por exemplo, não posso com pó. Tenho asma. Meu quarto
está sempre limpo; mas os livros estão
sempre fora do lugar, raramente acho o controle remoto, as almofadas e
travesseiros rodando pela cama... Bijuterias soltas ou enroscadas em algum lugar...
Por quê? Porque uso meu quarto. Estou lhe
fazendo um convite à desorganização? NÃO!
De modo algum. Conheço e amo muitas pessoas que chegam a ser obsessivas
por organização e, nem por isso, me afasto delas... Porém, eu no meu quarto e elas nos delas. TOC... Só se for pra bater na porta. (rsrs)
Em contrapartida, existem casas que nos
abraçam... A gente mal entra e é recebida com um abraço. Sabe aquele clichê: “não
repare a bagunça”? Pois é. Prefiro isso. De um modo geral, o que chamamos de bagunça
não é bagunça e, muito menos, sujeira, é uma desarrumação normal. São coisas
fora do lugar, porque mexeram nelas e
tem gente ali.
E isso não nada a ver com classe social. Já me senti péssima em mansões e completamente acolhida em barracos. Já ouvi
mentiras e hipocrisias em fartas mesas de jantar com talheres de prata e já me
fartei de comer e de rir em cadeiras simples segurando um prato esmaltado nas mãos.
Enfim, casa boa de morar
pra mim é um lugar onde não me sinta hóspede. Onde meu corpo descanse e minha
alma s e sinta completamente livre. É um lugar como descreve nosso grande Drummond, em seu
poema: “Casa arrumada”:
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar."
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