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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

terça-feira, 14 de junho de 2016

O CASO DA BOATE PULSE: ONDE COMEÇA E ONDE TERMINA A INTOLERÂNCIA (THE CASE OF BOATE PULSE: WHERE AND WHERE BEGINS ENDS INTOLERANCE)

POR MARI MONTEIRO


“Tentei não me manifestar SOBRE ORLANDO. Mas, sou mãe e alguém que possua o mínimo grau de empatia não fica indiferente a algo assim: o filho se despedindo da mãe (de dentro da boate). Aí o pai do assassino se desculpa e diz que o "o filho não precisava fazer isso, porque Deus julgará os gays depois."... Ah!!! PQP!!! Vamos dar "um reset" , definitivamente, a humanidade não deu certo...” (Post na minha timeline/ Facebook em 13/06/2016).
  




Quando escrevo repetidas vezes que TUDO passa pela EDUCAÇÃO (seja ela formal ou informal e, preferencialmente, as duas), não estou exagerando. Não vejo espaço nas grades curriculares – ao menos aqui no Brasil – para atividades e/ ou discussões que incentivem a cultura da paz; da tolerância; da empatia.

Dirão-me: “Mas existem as Leis, os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), que oferecem ‘espaço e suporte’ para atividades relacionadas a Temas Transversais.” Si. Existem. Mas, na prática, NUNCA VI NINGUÉM FAZER USO DELES. É como um vestido lindo e caro que compramos e deixamos no cabide, de enfeite, para colorir o guarda – roupa.




Sem me limitar apenas a discussões acerca da intolerância homofóbica ou religiosa, quero abranger todas as formas de intolerância; pó que chamarei de INTOLERÂNCIA AO DIFERENTE, seja este “diferente” no que for: cor; raça; etnia; credo; gênero... Isso é muito complexo? Pode ser. Então, comecemos pensando raso: os intolerantes a um determinado gênero musical por exemplo. O que há de errado nisso? O que nos impede de CONHECER e de RESPEITAR as pessoas que são e que não gostam dos mesmos gêneros musicais que nós? Não gosto de funk; mas, tolero. O que não significa que vou CONSUMIR as músicas e frequentar bailes funk e que, muito menos, vou entrar num baile com uma arma potente e atirar em dezenas de pessoas, porque não gostam do mesmo estilo musical que eu, porque não se comportam como eu acho que deveriam.




É exatamente isso que ESCOLAS e FAMÍLIAS devem ensinar desde cedo: compreender os diferentes e respeitá-los. NÃO HÁ TOLERÂNCIA SEM COMPREENSÃO. E, quando digo, “desde cedo”, quero dizer, desde o nascimento até a morte. O que é difícil para nós adultos. Alguns de nós crescemos sem a mínima tolerância (por parte dos adultos em geral: professores; parentes etc) com nossos hábito e jeito de ser. E, uma vez que eu, adulta, estou escrevendo este artigo, me ocorre que isso é uma prova de que a TOLERÂNCIA É APRENDIDA. Eu, assim como muitos outros da minha geração, aprendi a ser tolerante, justamente a partir da intolerância dos outros.

























Nesse aprendizado, os “porquês’ são essenciais; porém,  até com  as perguntas não há mais paciência, não há tolerância. Diante de um questionamento,  a maioria de nós se esquiva ou responde que não sabe. Por exemplo, o que você responderia hoje para um aluno de  sete anos que lhe perguntasse algo como: “Por que mataram aquele monte de gente lá nos Estados Unidos?” Já posso ouvir dizerem; “Ah, mas uma criança de sete anos jamais perguntaria isso?”  É exatamente aí que  está o problema. O correto seria perguntar. Vivemos na Era Digital; as  crianças são perspicazes. A questão é o “direcionamento’ dado em casa; o que assiste; o que vê na internet; quais são as brincadeiras etc. Pois há lares em que as crianças são proibidas de ver os noticiários porque traumatizam; mas, podem brincar com games violentos; ver novelas... “Malhação” e afins.



Enfim, seria saudável se as crianças perguntassem  e – mais saudável ainda  se os professores respondessem com base nos FATOS – isso em todas a s séries do ensino e iniciassem discussões a respeito. Porém, ao contrário, tanto a escola como a família, “fogem” do enfrentamento, da discussão (por preguiça, despreparo, sei lá...). Fato é que,  isso contribui indiretamente para a manutenção do ódio. Estaria eu sendo por demais áspera? Creio que não. E mais. Acredito que não há ninguém, neste momento, em uma sala de aula (independente de série) promovendo um debate sobre este assunto. Tudo “se restringe” a desabafos e  a protestos nas Redes Sociais, o que – convenhamos – já é alguma coisa. Mas não o suficiente para EDUCAR PARA A TOLERÂNCIA.



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