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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

domingo, 24 de abril de 2016

O PAPEL DA ESCOLA NO QUE SE REFERERE À OBESIDADE INFANTIL COMO RESULTADO DE SEDENTARISMO “HEREDITÁRIO” (“SCHOOL PAPER WITH REGARD TO OBESITY CHILD AS A RESULT OF SEDENTARY ‘HEREDITARY’.”)

POR MARI MONTEIRO





São tantos temas e tantos dramas tão importantes e fugazes, que mal assimilamos uma informação, chegam outras e mais outras... E a intenção é esta mesmo: NÃO SOBRAR TEMPO PARA QUE NOS DEBRUCEMOS SOBRE NENHUM ASSUNTO AO PONTO DE ENTENDÊ-LO. Assim tem sido em todos os âmbitos: político, social, econômico e afetivo. E, como ouço desde criança, “vamos empurrando com a barriga”. E algumas pessoas fazem isso literalmente. É o caso dos adultos cuja obesidade tomou uma proporção imensa e a pessoa acha que está “tudo bem”. Lamentavelmente, se isola e fica numa ZONA DE CONFORTO IMAGINÁRIA. Sem generalizar, obviamente, mas não sabemos lidar com nossos dramas pessoais e a obesidade é uma deles. E se, nós, adultos, não sabemos, imaginem as crianças.



No caso das crianças, a cada ano que passa é possível observar o aumento da obesidade e suas consequências.  Na maioria dos casos, a origem – além dos péssimos hábitos alimentares – está no sedentarismo “hereditário”. O termo “hereditário”, empregado no título, carece de uma breve justificativa. Ocorre que, baseada em observações de grupos de famílias em locais de lazer como praças de alimentação, restaurantes, praias e piscinas e também nas crianças em ambientes escolares (especificamente no Ensino Fundamental I, cuja faixa etária está entre 6 e 9 ou 10 anos de idade), é possível concluir, sem muito esforço, que quando as crianças são obesas, os pais também o são ou, em alguns casos, pelo menos um dos dois (pai ou mãe) o é.



A partir desta observação, é possível supor que, muito provavelmente, os pais não praticam atividades físicas, nem de forma individual e nem em grupo; ou seja, raramente, vemos os membros de uma família pedalando, jogando bola ou caminhando juntos. Soma – se a esta constatação o fato de que as crianças já nascem tendo tudo à mão. É a “Lei do Mínimo Esforço”.  



Para fins de “justificativa”, tanto para o sedentarismo, como para a obesidade, não faltam argumentos. Porém, o principal deles é a famosa FALTA DE TEMPO: “não sobra tempo para o lazer”; “chegamos muito tarde em casa”; “tenho dupla (ou tripla) jornada de trabalho e, quando chego em casa, quero mais é me deitar”. Isso tudo procede na maioria dos lares? Sim! É muito difícil conciliar trabalho, família, estudos e atividades físicas? Sim! Muito! A questão é que precisamos pensar a médio e  a longo prazo. Ou seja, o que consideramos “saudável” e necessário à nossa saúde e bem estar no momento, que é, PRIORITARIAMENTE DESCANSAR, COMER E DORMIR, mais adiante nos trará vários problemas de saúde. Há uma parcela da população apresentando problemas de saúde como diabetes e de pressão alta, por exemplo, com idade cada vez menor.



Sobre nossos péssimos hábitos alimentares, as justificativas são muito parecidas: “comenos muito fora, porque não tenho tempo pra fazer almoço e jantar todos os dias”; “fazemos lanche no jantar, porque estamos cansados e é mais prático.” Contudo, no caso da alimentação, há um agravante: o ato de comer “por impulso”. Às vezes, comemos tão rapidamente que nem saboreamos a alimentação ou prestamos atenção às suas cores e às texturas. E tudo isso junto contribui para o aumento de peso, o que funciona mais ou menos como um “efeito dominó”: os maus hábitos de alimentação mais o sedentarismo levam à obesidade infantil, que leva à baixa autoestima, que leva ao isolamento, que, eventualmente, leva à depressão e outros problemas que se agravam com a adolescência como bulimia ou anorexia.


Nas fases da infância e da adolescência surge, ainda, outra questão que carece de cuidados e de soluções: o bullying. Neste caso, o bullying relacionado especificamente à obesidade. Não é raro andarmos pelos corredores das escolas e salas de aula e nos depararmos com alunos com blusões largos de moletom e com capuz. Às vezes, nem está frio, mas está lá a pessoa tentando se esconder. Isso é triste. Ainda mais quando um adulto (adultos são bons em questão de insensibilidade) diz na frente de todo mundo algo assim: “ESTÁ DOENTE GAROTO (A)? TIRE ESTA BLUSA AGORA!”. É preciso ter um mínimo de TATO, quando lidamos com GENTE, e isso deveria ser “OBRIGATÓRIO” nas escolas, já que supostamente é um local onde (também supostamente) reina a educação (só que não!).

“(...) A criança obesa é muito afetada pelo bullying, já que a forma de seu corpo gera insultos e apelidos, causando isolamento e depressão. É preciso ajuda mútua entre pais e professores para combater as agressões. Os pais devem ficar atentos aos sinais dos filhos, como falta de interesse pela escola, choros frequentes, sentimento de raiva. A escola tem o papel de orientar o fim dessa prática e punir, visando à aprendizagem, os alunos que realizarem o bullying.(...)” Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO 



É aí que entra o papel da escola que, é claro, não pode dar conta de todos os “problemas extraclasses” inerentes aos alunos. Por isso, acredito que o CURRÍCULO ESCOLAR CARECE DE UMA REVISÃO URGENTE no que se refere aos conteúdos de ensino: o que é realmente importante ensinar e aprender? Neste impasse, chegamos a trabalhar “no automático”; na correria dos dias e das informações; porém com menos profundidade, com menos compreensão e com menos DISCERNIMENTO. Deveríamos pensar numa maneira de incorporar questões relacionadas à saúde (física e emocional) desde cedo nos conteúdos de ensino. Muitos dirão (principalmente os profissionais mais conteudistas que conhecemos): “pra isso existem as aulas de ciências e de Educação Física!”. Não. Não é disso que estou falando. Isso é muito pouco, principalmente nas cargas horárias destinadas a estas disciplinas. Falo de “ESPAÇO” no currículo para que os professores (desde a Educação Infantil) possam trabalhar tais aspectos. O que demanda menor número de alunos por sala; infraestrutura; formação etc.



Porém, enquanto isso não acontece, nós, enquanto docentes ficamos duplamente frustrados. Isso porque, por um lado, os alunos não aprendem de fato (DE FATO! com fluência na leitura e na interpretação e com habilidades indiscutíveis em raciocínio lógico) e, por outro, porque não temos alunos FELIZES CONSIGO MESMOS (muito menos nós ficamos felizes conosco mesmos), críticos, corajosos, ousados, curiosos e POLIDOS...


Há, ainda, a questão do desperdício. É impressionante como vemos nas escolas, em casa, em restaurantes o tanto de alimentos que são deixados no prato e/ou jogados no lixo. Parte desta atitude abominável é fruto de uma educação que não ensina à criança sobre a origem dos alimentos. Existem crianças (com as quais já conversei) que acreditam cegamente que o leite “dá” em caixinhas longa vida. Não conhecem nada (na prática ou “in loco”) sobre agricultura, pecuária e similar.  Esta falta de conhecimento contribui para o desperdício; sobretudo, porque, parece fácil demais conseguir alimentos. Estão nas prateleiras, nos “fast foods”. Eis outra atividade que deveria ser contemplada no currículo escolar: o reconhecimento e a valorização dos alimentos a partir do entendimento do processo integral de produção.



A seguir, um vídeo onde Michelle Obama dança com os alunos de um aescola que faz uma campanha contra o sedentarismo!!! Demais"Uptown Funk" 


Para finalizar, entendo que o ato de se alimentar constitui um evento cultural que, se assim fosse visto e entendido, tornaria educação (ou a reeducação alimentar) menos complexa. Tal evento passa pelo fato de unir as pessoas; de observar cores e formas dos alimentos (o comer com os olhos); saborear todos os alimentos, sentindo sua textura SEM PRESSA.  Tais comportamentos seriam de grande valia no combate, por exemplo, à gula. Desde pequena, a criança deve aprender a comer pequenas porções e saboreá-las, mastigá-las devagar. O que, comprovadamente, acelera o processo de saciedade, fazendo com que seja ingerida uma quantidade menor de alimentos. E, dada a realidade em que as crianças são criadas, em sua maioria em creches e escolas, cabe à escola o fundamental (e até urgente) papel de contribuir significativamente para sanar tais questões; ao invés de ficar tentando solucionar problemas, focar mais na REEDUCAÇÃO ALIMENTAR; NAS ATIVIDADES FÍSICAS e , consequentemente, no combate à obesidade infantil.






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