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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

segunda-feira, 14 de março de 2016

O QUE REALMENTE IMPORTA? (WHAT REALLY MATTERS?)

POR MARI MONTEIRO




Escrevo por vários motivos: porque gosto; por prazer; para conversar; mas o que gosto mesmo é de escrever par inquietar, para atazanar quem lê. Sinto certo prazer em imaginar alguém pensando: “Lá vem ela com essas idéias de gente doida!”.


Agora, por exemplo, quero escrever sobre o que e sobre quem realmente importa na minha vida. Porque a vida é muito curta e, sendo ela muito curta, não quero perder tempo com coisas e com pessoas que não me importam.


Caos, correria, estresse, competitividade; “obrigação” de seguir os padrões ditados pela mídia... Todos estes aspectos corroboram pra que não pensemos nas prioridades ou, pior, para acharmos que tudo é prioridade e; por, isso, temos de fazer tudo ao mesmo tempo agora. E, dessa forma, fazemos tudo cada vez mais SUPERFICIALMENTE. E o que é superficial pra mim, de verdade, não me interessa; logo não me importa. Não dá pra amar superficialmente; se curar de uma doença superficialmente; morrer superficialmente; viver superficialmente.


Então, o que vejo somos nós, humanoides perdidos no espaço, orbitando em torno de TUDO e fazendo NADA. Não temos raízes, se temos estamos deixando-as fracas, até não suportarem mais o “peso” dos galhos (nossos corpos). Falta “ADUBAGEM”. E, como é que ser aduba uma alma pra sentir mais, para estar mais alerta aos sinais e às sutis belezas e alegrias dessa vida? Com ingredientes que estão cada vez mais difíceis de encontrar: CONTEMPLAÇÃO; EMPATIA; REFLEXÃO; AUTOCONHECIMENTO; PAZ DE ESPÍRITO .



Neste mundo caótico em que vivemos, onde, raramente paramos para fazer coisas ESPECIFICAMENTE HUMANAS (ou que deveriam ser inerentes ao ser humano), me flagrei querendo saber o que realmente importa na minha vida. E jamais imaginei que a resposta chegasse tão rápida e nítida na minha mente: O QUE REALMENTE IMPORTA É QUEM SE IMPORTA COMIGO. Egoísmo? Não. Seletividade e otimização do meu tempo.


O que me importa, falando especificamente no sentido material, responderia: “O SUFICIENTE”. Porém, quando se trata de relacionamento, não tenho dúvidas: são as pessoas que realmente se importam comigo. O que independente de fatores como distancia; grau de parentesco; classe social; religião. Se parar pra pensar não é uma quantidade tão grande de pessoas assim.


Uma das principais justificativas usadas para a falta de contato e de comunicação social é: “não sobra tempo pra nada!”. Eu sinto medo disso. É preciso ter coragem para sentir medo. E medo é uma sentimento que  a gente só confessa ou demonstra pra pessoas em que a gente realmente confia. E eu temo, inclusive, não dar a devida importância às pessoas e  às coisas que merecem.



E o que significa se importar com o outro? Podemos explorar isso juntos nos questionando sobre alguns aspectos como, por exemplo de quantas pessoas, normalmente, ouvimos, dentro ou fora de casa, indagações como: “Como você está?”; “Vamos conversar?”; “Se eu fosse um ‘gênio da lâmpada’’, quais seriam seus desejos pra hoje?”... Perguntas não faltam; falta quem queira saber e esteja disposto a deixar de lado a TV, o celular e  afins para conversar, para ouvir... Defendo a tese de que quanto mais perdemos a capacidade de ouvir, mais perdemos a capacidade de falar, de argumentar... E vamos nos emudecendo, diminuindo o vocabulário até chegarmos, como já disse José Saramago,  a grunhirmos uns para os outros. E, paralelo a isso, outra coisa grave acontece: estamos deixando de sorrir, ficamos mais sisudos, caras amarradas... FEIOS DE ALMA.



Gradativamente, estamos nos tornamos “SERES INSTANTÂNEOS E MONOSSILÁBICOS”. Basta pensar um pouco sobre a seguinte questão: A CONVERSA, SEJA EM CASA OU NO TRABALHO – e mesmo nas baladas _ TEM QUALIDADE? OU SEJA, A CONVERSA FLUI? Na maioria dos casos não. Ou então nos limitamos a falar dos outros, de piadas, dos fatos que todos já viram na internet... E, nesse ritmo, perdemos a oportunidade de CONHECER MELHOR O OUTRO e de NOS CONHECERMOS. Porque não falamos de nós mesmos. Não debatemos nossos dilemas pessoais e, muito menos, os dilemas dos outros. Ainda assim, nos  sentimos no direito de falar de fulano e de beltrano e de julgá-los.




Estamos chegando a um ponto em que ficamos “sem jeito” para conversar com os outros. Olhamos para os lados, falamos coisas triviais do tipo: “será que chover?” e não sabemos onde colocar as mãos. Na verdade, sabemos sim, estamos sempre com as mãos ocupadas com o celular (rsrsrs); o que, aliás, “resolve” o problema de quem não quer conversar; principalmente, quando temos um head phone em mãos... Pronto. Isso é como colocar uma placa na testa com o aviso: NÃO QUERO CONVERSAR!


E nisso, vamos deixando de dar e de receber afeto. Precisamos dizer coisas boas às pessoas importantes da nossa vida. Mas dizemos? Não ou muito raramente. Tentem pensar no seguinte: "O que você diria para a pessoa mais importante da sua vida se você soubesse que esse seria o último encontro?" Respondida pra si mesmo a questão. Faça isso agora ou amanhã ao acordar. De preferência, marque um encontro ou telefone... Porque até mesmo um telefonema virou luxo no mundo do WhatsApp. Sinta-se importante quando alguém te telefonar (claro, que não seja secretária do seu médico, dentista, cobrador, telemarketing e afins), porque você poderá ouvir a voz da pessoa. Mas... Nada, absolutamente nada substitui o olho no olho.



Justamente porque a vida é um sopro, tudo deve ser FEITO EM VIDA, EM TEMPO...

- Fale o que sente.
- Olhe nos seus próprios olhos e pergunte o que você realmente deseja?
- Contemple pessoas, paisagens, animais...
- Abrace sem medo e sem pressa. (já viram aquelas pessoas que NÃO sabem abraçar? Não é culpa delas. Você as abraça e elas ficam paradas como uma coluna do templo; ficam meio de lado, querendo se desvencilhar, abraçam de modo frouxo... sem entrega. Este tipo de abraço nem conta.)
- Ouça as batidas do seu próprio coração antes de dormir, quando tudo for silêncio.
- Importe-se com o que é importante. (outro dia fiz uma lista de coisas que supunha importantes, guardei numa gaveta. Depois de dois dias, reli e a reduzi pela metade. Logo, terei mais tempo para cada “coisa” que me importa... acho até que, periodicamente, refarei esta lista.).


Se já fiz ou se faço isso? Faço um pouquinho de cada vez. E não é nada fácil, principalmente olhar pra nós mesmos na frente do espelho. É assustador; sobretudo, porque a imagem mental que temos de nós mesmos não corresponde à imagem real que os outros fazem de nós e a que o espelho mostra, quando resolvemos olhar pra ele demoradamente e de cara limpa. Mas, garanto que nada é pior que a sensação de tempo perdido como dizia Renato Russo: “Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou.” E, irônica e sabiamente ele continuava: “Mas tenho muito tempo. Temos todo tempo do Mundo.”.



Enfim, pra facilitar as coisas (ou complicá-las...): SOMENTE É IMPORTANTE QUEM SE IMPORTA E SOMENTE SE IMPORTA QUEM É IMPORTANTE. E, se assim é, no final, tudo se resume a uma única palavra: RECIPROCIDADE.  Mesmo porque, só nos ouvirá  quem se importa conosco e só vamos querer falar para que for importante pra nós. Pra que sair falando pelos cotovelos pra quem não nos conhece; não dá a mínima; não sabe e nem quer saber da nossa história. Na maioria das vezes, quando contamos algo para alguém, a gente não quer ser julgado e jogado na fogueira. De repente, a gente só quer ser ouvido ou escutar: “Estou aqui.”.



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