Translate

EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

domingo, 11 de dezembro de 2016

OPERAÇÃO PAPAI NOEL

POR MARI MONTEIRO


Nunca se falou tanto em política. Houve até uma “brincadeira” nas redes  sociais (pertinente até rsrs), cujo post – após a eleição de Trump –  dizia: “Nossa! Hoje todo mundo amanheceu entendendo de política internacional!” Isso por si só já é um bom sinal. Sobretudo, se pensarmos que até bem pouco tempo atrás quase não se falava em política. Nossa culpa? Sim  e Não. Sim, porque deveríamos nos interessar mais pelo assunto. E não, porque fomos educados para NÃO PENSAR. Crescemos ouvindo:  “Política e religião não se discute.”

Bem. E o que tem o Natal a ver com política? Com a eleição de Trump? Com  a corrupção? Com propinas? Com ética? Com o sucateamento da educação, da saúde e da segurança? T – U – D –O! Absolutamente tudo! O natal remonta à confraternização e – também por conta dos hábitos e da cultura – à troca de presentes. E, como pensar e fazer tudo isso nesse caos político e social? Inclusive, há quem acredite que o Natal serve para esquecermos todas as desavenças, para perdoar, para ficar em paz e sermos solidários.

Pois bem, estamos vivendo tempos difíceis. O que não é novidade. A diferença é que agora temos mais consciência disso tudo. Estamos  expostos  a um bombardeio de informações.  A mídia, ao mesmo tempo em que informa sobre todos os acontecimentos, também age como se nada estivesse acontecendo.  Não é raro aparecerem, nos telejornais, economistas nos dando dicas financeiras sobre como gastar o décimo terceiro salário. O que me faz crer que das duas, uma: ou sou muito pobre ou sou muito alienada. Porque não é possível fazer planos para o décimo terceiro quando se é assalariado. Isso só é possível para quem tem um poder aquisitivo maior e consegue planejar em suas planilhas Excel  ou junto aos contadores.


Mas, nada disso impedirá o natal de chegar para todos. A questão é: será natal para todos? Todas as mesas estarão fartas? Todos os lares terão árvores de natal? Todos trocarão presentes? E quando digo “todos”, não estou falando dos meus familiares, do meu bairro, da minha cidade, do Brasil... Falo da humanidade. Daí a menção sobre Donald Trump. A título de exemplificação, sua eleição foi apenas mais um agravante para este mundo já tão cheio de temores e de insegurança. Isso para "tocar" apenas a ponta do iceberg em questão de HUMANIDADE. No mais, só o tempo dirá...

Fato é que o  pensamento individual e o hábito de  olhar para o próprio umbigo são os comportamentos que imperam atualmente. Ouso dizer que NÃO CABE MAIS SER ASSIM. A menos que a pessoa seja completamente  indiferente e muito egoísta. E, nesse caso, ela pertence a outra classificação que não a de ser humano. Este  meu pensamento “narniano” (costumo dizer que  meu guarda roupas tem uma passagem secreta para Nárina! Rsrs) é,constantemente, alvo de críticas e de descrédito. Não me importo com isso. Não sou boa em pensar que só no que me atinge diretamente; não sou muito "lógica"... Sou parte de um todo e esse "todo" adoecido me incomoda. A fome na África me incomoda.  As crescentes ondas de racismo nos EUA me incomodam. A violência no Rio de Janeiro me incomoda. A construção de um prédio de dezesseis andares, que rouba o sol do meu quintal me incomoda.




O que cabe agora, que “estamos todos entendidos em política”, é pensar no outro. A empatia nunca foi tão necessária, Apenas ela impedirá que a barbárie se estabeleça e fique para o jantar. Uma pessoa, quando pratica  a empatia, pensa além de si mesma, além de sua casa, ale de suas “fronteiras”.

Para além do consumo  e das dívidas (e das dúvidas...) peçamos presente plausíveis, possíveis e úteis neste natal; sobretudo, peçamos presentes duradouros e que INDEPENDEM DE DINHEIRO e,  na maioria dos casos; dos outros. Façamos uma lista. Uma lista dos SENTIMENTOS QUE NOS FALTAM ou que  estão em extinção em nós. Confesso que tenho uma lista razoável para o Papai Noel. Quero de presente: paz de espírito; coragem; vontade; alegria; sabedoria e por aí vai... Certamente, Noel teria que trabalhar muito para atender pedidos assim... Sem contar que teria de sair de zona de conforto e fazer caber em seu trenó “coisas” sem caixas de papel e sem laços.

Quanto aos presentes materiais, se  puder ótimo! Presenteie a quem você estima. Mas faça isso de forma consciente. Compre no seu bairro; do seu vizinho artesão; daquela sua vizinha que faz panetones caseiros... As grandes lojas e corporações não precisam de nós... Há muitos robôs por lá e, muito provavelmente, um "líder" que explora a mão de obra e que, por sua vez, está à mercê de um país cujos impostos "travam" toda e qualquer iniciativa corporativa.

E, para quem leu este artigo e acha que  estou equivocada... Que  estou muito “Alice no País das Maravilhas”, mostre-me uma forma diferente de lidar com essa porra toda! Ensine-me  a lidar com as dores do “outro” que também doem em mim. E, para quem não tem  a menor tendência a ser empático (a), uma sugestão: peça um pouco de EMPATIA de presente de Natal. Vai que  Papai Noel  se sensibilize, saia de seu trono nos grandes shoppings (estão fazendo bico lá...) e visite seu lar... Não custa tentar.


COMENTE!