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terça-feira, 21 de julho de 2015

SÉRIE IMPRESSÕES: “A CIVILIZAÇÃO DO ESPETÁCULO”, OBRA DE MARIO VARGAS LLOSA ("CIVILIZATION OF SHOW", MARIO VARGAS LLOSA)

POR MARI MONTEIRO

Primeiramente, é essencial conhecer ainda que minimamente o autor da obra que dá origem ao título deste artigo. Mario Vargas Llosa (1936) é um escritor, jornalista, ensaísta e político peruano, que foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura em 2010.  Jorge Mario Pedro Vargas Llosa (1939) nasceu em Arequipa, no Peru, no dia 26 de março de 1936. Passou sua infância na cidade de Conchabamba na Bolívia. De volta ao Peru, estudou Direito e Letras na Universidade de San Marcos, em Lima. Em 1959 muda-se para Madri, onde ingressa no Doutorado em Filosofia e Letras.


Em sua obra: “A CIVILIZAÇÃO DO ESPETÁCULO”, Llosa trata de aspectos importantíssimos inerentes à modernidade e ao avanço tecnológico; mais especificamente, à instantaneidade  a  ela vinculado. Um dos aspectos refere-se ao crescente PODER DA IMAGEM SOBRE A PALAVRA. “(...) Agora, a palavra está cada vez mais subordinada à imagem. E também à música, signo de identidade das novas gerações, cujas músicas pop, folk ou rock criam um espaço envolvente, um mundo no qual escrever, estudar e COMUNICAR-SE PESSOALMENTE (...)” Llosa, 2013:19. A esse “fenômeno” Llosa denomina “DETERIORAÇÃO DA PALAVRA. O que, acredito, seria um excelente título de uma pesquisa acadêmica.



Especificamente no tocante à cultura e à “mudança de visão e  de entendimento sobre  este conceito”, o autor chama  a atenção para o fato de que a cultura verdadeira perdeu espaço para o que é comercializado, fazendo com que haja uma dicotomia entre PREÇO e VALOR. Inclusive, ele menciona: “(...) Para essa nova cultura são essenciais a produção industrial maciça e o sucesso comercial. A distinção entre preço e valor se apagou ambos agora são um só, tendo o primeiro absorvido e anulado o segundo.




Outro aspecto muito interessante abordado por Llosa é a tendência de que a Literatura desapareça. Segundo ele, a Literatura tal como se conheceu e se valorizou há séculos deixará de existir. Primeiro, porque não terá mais lucratividade e segundo, e LAMENTÁVEL, porque não terá público leitor para obras clássicas ou contemporâneas que tenham uma escrita elaborada (como deve ser – grifo meu), porque o indivíduo não terá paciência, nem compreensão e, conseqüentemente, interesse pela leitura de escritos mais elaborados.


Sou professora de Literatura no ensino Médio e posso garantir que Liosa está coberto de razão quando afirma que a Literatura terá de se tornar cada vez mais light e superficial se quiser sobreviver. ISSO É MUITO TRISTE. Sobretudo, pela perda da cultura acumulada pela humanidade; pela riqueza dos vocabulários empregados e pelo esmero com que as grandes obras (clássicas ou contemporâneas) são escritas. Exemplo disso é o Twitter, em que a pessoa deve resumir suas idéias em 145 caracteres...


Gostei tanto desta obra que escreveria páginas e mais páginas sobre Llosa e os fatores que desencadeiam a formação da sociedade do espetáculo (multiplicação das indústrias de diversão; a democratização da cultura, que foi erroneamente confundida com o ato de trivializar da cultura... qualquer “coisa” é cultura). Fato é que, na civilização do espetáculo, a maioria de nós vive com A  CÔMODA IMPRESSÃO DE QUE SOMOS CULTOS SEM O MÍNIMO ESFORÇO INTELECTUAL.



Então, para fazer jus à defesa de Llosa sobre uma cultura “real”, aquela que exige esforço intelectual; capacidade de selecionar entre esta ou aquela música, este ou aquele filme... Não falarei mai sobre nenhum aspecto da obra. Porém, finalizo afirmando que estamos nos desviando tanto do que deve (e merece) ser considerada cultura que, caso não trabalhemos (individual e coletivamente) sobre este tema, muito em breve TUDO, exatamente tudo SERÁ CONSIDERADO CULTURA, que  equivale  a afirmar que não haverá mais necessidade de se empenhar, histórica e socialmente, para “produzir” cultura. SEREMOS (se é que já não somos) uma CIVILIZAÇÃO TOTALMENTE ACULTURADA, que só valoriza o ESPETÁCULO, mas sem a mínima pretensão de buscar conteúdos ou  conhecimentos (e não falo apenas de conhecimento acadêmico não, falo da cultura de quem conhece “SEU CHÃO”, que traz “CAUSOS” sobre suas raízes, que correm o risco de se perder no tempo...), apenas LUZES, CORES E O MÍNIMO DE PALAVRAS POSSÍVEIS.

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