POR MARI MONTEIRO
Sei que estou longe demais de ser uma pessoa amável ao extremo. Acho até que isso deve ser
coisa de gene; de vocação ou algo que equivalha. Não gosto de todas as pessoas
que conheço; algumas, eu até odeio (e, nessa hora, tem gente que pára de ler o conto...
paciência). Se sabem ou se sentem, de
algum modo, não sei. Mas sei que se um dia uma delas me perguntar, saberá.
Quanto às pessoas que conheço e que amo; amo tão
verdadeiramente como tem de ser. Se
todas elas sabem, também não sei. Se sabem ou se sentem, de algum modo, não
sei. Mas sei que se um dia uma delas me perguntar, também saberá.
Fato é que, especificamente esta época de Natal, me deixou
uma espécie de ranço. Talvez porque
parece que TODO MUNDO, como num passe de mágica, passa a se amar... Assim, do
nada. Se fizer parte do perdão sincero e vamos
ser amigos novamente, ok! Concordo e aplaudo. Acho até que este é o grande
mérito desta época, “amolecer” o coração das pessoas; reunir familiares; desfazer os nós...
Por outro lado, sempre me senti atraída pelas coisas do
Natal: as cores; a decoração; os aromas; a celebração; os abraços; os
presentes; as festas... Complicado? Sim. Mas, facilmente entendível. Desde pequena,
observava as correrias desta época; as mudanças de comportamento; o som das
festas da vizinhança... E, sem o menor pudor, ASSUMO, invejava a música; as
risadas; os fogos... Enfim, as felicidades alheias... Estas cenas são muito claras na minha mente,
porque nunca tínhamos festa de natal. Íamos cedo pra cama. Morávamos num cortiço e a
proximidade das casas deixava tudo muito nítido.
No dia seguinte, quando acordávamos, estavam todas as
crianças do cortiço com seus brinquedos novos. Eu
e minha irmã também tínhamos os brinquedos que a firma dava para os filhos dos
funcionários... Então, no dia 25, meu sentimento de “pertença” era mais sólido. Brincávamos todos juntos. (rsrsrs)
Não que, ao longo da vida eu não tivesse tentado mudar
isso, claro que sim. Desde enfeitar a casa até cear sozinha; vivi alguns natais
solitários. Eu, meus enfeites; minhas frutas; minhas músicas; minhas melhores lembranças e os pesamentos mais positivos do mundo... Mas, a sensação do Natal e o som das festas que ouvia enquanto criança
ainda me assombram. Posso dizer que AINDA não vivenciei algo parecido.
Ainda pouco enfeitei a casa da minha mãe... Faço isso desde
que vim para cá. Mas, festa MESMO, aquela com a
qual eu sempre sonhei, ainda não rolou. Mesmo porque, na FESTA DOS MEUS SONHOS, devem ter os seguintes “ingredientes”: todos os familiares amados (e alguns já partiram);
felicidade; saúde; muitos risos; muitos abraços (nem todos gostam de abraçar... rs); muita cor; músicas de muitos ritmos; muita fartura e alguns convidados especiais.
Agora é a hora que o leitor diz: “pirou”; mas, sempre pensei nisso... Apenas
três convidados especiais estariam de bom tamanho. Trazer dois moradores de rua
aleatoriamente para passar o natal conosco, com direito a banho, roupa nova e
uma “FELICIDADE EFÊMERA”... Por algumas
horas apenas. Posso até ouvir os
pessimistas dizendo: “Affff! De que adianta? Se no dia seguinte estarão morando
na rua de novo?”... Mas, insisto: SENTIR UMA FELICIDADE MOMENTÂNEA AINDA (E
SEMPRE) É MUITO MELHOR DO QUE NÃO SENTIR NADA, NUNCA!”
Enfim, o terceiro convidado especial, cuja presença para mim
é indispensável é O ANIVERSARIANTE... Aquele que, contraditoriamente, é o menos
lembrado e o que menos ganha presentes no seu suposto aniversário, é o mais requisitado durante o ano todo; sobretudo, nos momentos de
sufoco. Esta seria minha festa de natal. Mais próxima do que imagino como
perfeição. Ainda espero por ela. As coisas estão progredindo por aqui. Neste
ano teremos uma ceia... Com TODOS ACORDADOS! (rsrsrrs). Depois eu conto tudo.
Prometo!!!
FELIZ NATAL!!!
(To be continued)