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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

domingo, 12 de outubro de 2014

QUAL A IMPORTÂNCIA DE UMA BOA REDAÇÃO PARA O ENEM? (WHAT IS THE IMPORTANCE OF A GOOD WRITING?)

POR MARI MONTEIRO




Uma avaliação de múltipla  escolha ou uma  avaliação em que os alunos realizam as provas após estudar horas a fio (decorando os conteúdos), não tem, para mim, ao mesmo “PESO” que uma avaliação cujas respostas devam ser dissertativas e, obviamente, uma REDAÇÃO. Isso porque, estes tipos de avaliações possibilitam a análise daquilo que o aluno REALMENTE CONHECE E É CAPAZ DE DEMONSTRAR ATRAVÉS DOS SEUS REGISTROS. Por exemplo, através das avaliações mencionadas, podemos analisar aspectos como: qualidade da escrita formal; habilidade de argumentações; conhecimento de variados conteúdos de ensino desenvolvidos etc. Neste sentido, e até porque ouço muito, INFELIZMENTE, no meio escolar que as redações não são tão importantes assim, segue uma excelente  entrevista com o Professoro Ludovico Bernardi que disserta com muita propriedade sobre o assunto. O Professor Mestre Ludovico Omar Bernardi vem do Paraná, sendo especialista em Redação para o ENEM, Pré-vestibular e Concursos Públicos, atuando a 14 anos na área. Também é professor da Fundação Getulio Vargas - FGV, ministrando as disciplinas de Comunicação Integrada de Marketing na Era Digital e Comunicação Empresarial. No ensino superior, atua como Professor de Língua Portuguesa, Semiótica e Redação Publicitária (Cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda). Seu projeto para Aracaju: o curso de Redação Ateliê do Texto, que conta com o apoio do Colégio Módulo, e será estabelecido em agosto próximo.
 André Pestana: Os estudantes já sabem que, para conseguir aprovação nos principais vestibulares do país, uma boa redação é decisiva? Quais são as habilidades e competências essenciais para o sucesso do candidato?

Prof. Ludovico Bernardi: Ainda que os veículos de comunicação de massa tenham noticiado, há ainda alguns alunos que desconsideram o fato de que a redação hoje é primordial no sucesso estudantil. Por exemplo, no ENEM ELA VALE 50% DA  NOTA DO ALUNO, ou seja, mil pontos. Se você considerar os demais vestibulares de quaisquer universidades federais, o mínimo que se atribui à redação, hoje, é 40% da nota final. Já quanto às habilidades e competências, os princípios e o formato da prova de Redação dos exames vestibulares e mesmo do ENEM demonstram, claramente, que o objetivo é avaliar em que medida os candidatos apresentam certo rol de “capacidades” que as universidades desejam encontrar em seus alunos. Estas, por sua vez, podem ser enumeradas em: capacidade de exprimir-se com clareza; capacidade de organizar ideias; capacidade de estabelecer relações; capacidade para interpretar dados e fatos; capacidade de elaborar hipóteses.

André Pestana: A leitura de sites, revistas, jornais é prática obrigatória para a elaboração do pensamento crítico. Como conciliar a rotina dos estudos das disciplinas tradicionais com essa nova dinâmica?


Prof. Ludovico Bernardi:  Há que se entender, primeiro, que a redação é totalmente transversal, ou seja, ela exige que o aluno estabeleça relações com outros textos. Estes, por sua vez, podem ser da área de sociologia, filosofia ou mesmo da ciência em linhas gerais. Por exemplo, é impossível se discutir a condição certeira ou errônea do STF em permitir o aborto em casos de anencefalia, caso o aluno não conheça um mínimo de biologia. Logo, o conciliar das disciplinas tradicionais com essa nova dinâmica de provas nasce da criação de um caderno de argumentos. Estes serão consequência de leitura, e por serem amplos, podem servir ao escritor em várias limitações temáticas distintas. Eis, aliás, o sucesso de um texto: a leitura.

André Pestana: Vivemos em um momento em que a fragmentação das relações humanas e dos objetivos profissionais conflitam com a chamada convergência de mídias e a informação em tempo real. De que forma os professores devem se preparar, em especial os profissionais de Linguagens e Códigos, para esse novo contexto?

Prof. Ludovico Bernardi: Bem, o fato é: o mundo mudou a partir da internet. Não dá pra conceber linguagem sem passar por ela. Aliás, a internet é a grande responsável por toda a mudança percebida hoje nos meios de comunicação de massa. Assim, a primeira grande mudança nesse contexto quanto ao ensino de Linguagens e Códigos está no fato do professores entenderem que o texto deve ser visto como um produto misto, ou seja, fruto da linguagem verbal e não-verbal. Depois, que há grandes distinções entre gênero textual e tipologia textual. Logo, não dá pra conversar com um mundo azul sendo daltônico. Assim, não dá pra ensinar linguagem pensando como mero gramaticista. Como bem disse Mário Quintana, estudar português pela gramática é tão inútil quanto estudar dança por correspondência.

André Pestana: A interdisciplinaridade ressalta a importância das disciplinas construírem pontes de diálogo entre si. As escolas estão conseguindo viabilizar essa interface?

Prof. Ludovico Bernardi: Se você analisar genericamente, não. Basta vermos os resultados hoje de provas como o próprio ENEM. No entanto o que vejo é que pontualmente a realidade está mudando. Na década de 80, ao se analisar um enunciado como “Ivo viu a uva”, era simples entender que Ivo era o sujeito da oração. No entanto era quase que impossível conceber que Ivo era o referente da oração. Aliás, definiu-se como sujeito o elemento que praticava a ação. Pois bem, e em um enunciado como “Pedro apanha de sua esposa todos os dias”, Pedro pratica a ação? Logo, eis o desafio das escolas de hoje: viabilizar interfaces, discutir, dialogar e ver a língua como um meio e não um fim. Como conseguir isso? Simples: a linguagem é a única área que perpassa por todas as demais. Assim, basta, para tanto, o aproveitamento de seu ensino.

http://www.infonet.com.br/andrepestana/ler.asp?id=129755 – acesso em 29/07/2014)
   

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