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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

FILME RECOMENDADO: “PRECIOSA – UMA HISTÓRIA DE ESPERANÇA” (título original: Precious: Based on the Novel 'Push' by Sapphire)

POR MARI MONTEIRO


O processo de desumanização e de “coisificação” do homem adquire um ritmo cada vez mais acelerado. Cientes disso, nós, educadores e, supostamente dotados de discernimento e portadores de uma vivência social e cultural considerável, NÃO PODEMOS FICAR ESTÁTICOS. Penso eu...  E, se existe algo em que não sou boa é “fazer cara de paisagem”. Respeito quem consegue e até concordo que seja uma espécie de proteção ou defesa. Mas, lamento. Sentimentos como imparcialidade e indiferença são “aptidões” que não consegui desenvolver. E, como nunca tive grandes problemas quanto a isso (nada que uma hora de choro e uma noite de sono não resolvam...), não tenho o mínimo interesse em aprender a ser indiferente. 

Diante disso, sempre que possível, tento trabalhar com a SENSIBILIZAÇÃO dos meus alunos. Não alimento a utopia de que  eu seja capaz de humanizar aqueles que já estão imersos no casulo da  indiferença. Mas este não é o caso deles... Eles AINDA ESTÃO CONSTRUINDO O PRÓPRIO PERFIL. Daí meu empenho em desenvolver atividades que possam agregar mais valores à Literatura e à Língua Portuguesa. Logo, as interpretações, escritas espontâneas e redações, por exemplo, geralmente são fundamentadas em alguma FORMA DE ARTE como: cinema, música, imagens etc. 

Neste caso, optei pela exibição do filme “PRECIOSA”. Cuja sinopse é a seguinte: 1987, Nova York, bairro do Harlem. Claireece "Preciosa" Jones (Gabourey Sidibe) é uma adolescente de 16 anos que sofre uma série de privações durante sua juventude. Violentada pelo pai (Rodney Jackson) e abusada pela mãe (Mo'Nique), ela cresce irritada e sem qualquer tipo de amor. O fato de ser pobre e gorda também não a ajuda nem um pouco. Além disto, Preciosa tem um filho apelidado de "Mongo", por ser portador de síndrome de Down, que está sob os cuidados da avó. Quando engravida pela segunda vez, Preciosa é suspensa da escola. A Sra. Lichtenstein (Nealla Gordon) consegue para ela uma escola alternativa, que possa ajudá-la a melhor lidar com sua vida. Lá Preciosa encontra um meio de fugir de sua existência traumática, se refugiando em sua imaginação. (in. adorocinema.com/filmes/filme-132242 - acesso em 15/04/2014) 
Na justificativa constante do plano de aula, fica evidente o motivo da minha escolha e a relação entre o filme e a necessidade de HUMANIZAÇÃO. Diante dos crescentes conflitos ocorridos no ambiente escolar, de um modo geral, fruto – na maioria dos casos – de conflitos externos (no meio familiar e social) preexistentes, torna-se interessante e oportuno abordar a temática junto aos alunos do Ensino Médio. A proximidade da faixa etária entre eles e a protagonista, tende a facilitar o entendimento e a interpretação por parte dos alunos. 

Além disso, o enredo impactante consiste num excelente texto-base. A relevância do tema deve-se, ainda, à iminente necessidade, para os profissionais que lidam com a educação e/ou com a psicologia, de conhecer os fatores relacionados à forma como se constitui a dinâmica familiar em um contexto doentio, para o qual a sociedade e as instituições de ensino sempre preferem fechar os olhos. Neste sentido, o enredo do filme ajuda a compreender como a história de vida, o contexto social e familiar são importantes na estruturação da personalidade.

O referido filme foi muito aclamado e recebeu diversos prêmios. Teve seis indicações para o Oscar e a atriz Mo'Nique, que interpretou a mãe de Preciosa ganhou o Oscar de Melhor atriz coadjuvante; o filme ganhou o Oscar de melhor filme e de melhor roteiro  e Lee Daniels ficou com o Oscar de melhor diretor.

Enfim, num mundo no qual há cada vez mais máquinas e cada vez mais pessoas conectadas (e até dependentes delas), é imprescindível BUSCAR O EQUILÍBRIO. Ou seja, as máquinas devem estar a nosso serviço e não o contrário. A geração digital precisa entender que MÁQUINA ALGUMA PREENCHE O VAZIO INTERIOR.  Além disso, máquinas não abraçam; máquinas não trocam olhares; máquinas não choram; não sentem saudades... Um “oi” no chat; um post animador ou romântico... Não passam de paliativos que, a médio ou longo prazo, não basta, porque NADA SUBSTITUI O CONTATO E O AFETO HUMANO.


Nos próximos dias serão postadas as RESENHAS CRÍTICAS elaboradas pelos meus alunos do Ensino Médio sobre o filme. São surpreendentes. A maturidade deles me surpreendeu! Estou muito feliz com o resultado!

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