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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

domingo, 20 de abril de 2014

“ MINHA VIDA MEIO INVENTADA” ("MY LIFE THROUGH INVENTED")

POR MARI MONTEIRO



Ao acaso, me lembrei de todas AS DORES DESNECESSÁRIAS que senti. Desnecessárias agora. No momento, me pareciam a única e até a justa alternativa. Mas, o melhor desta vida é que podemos APRENDER com o tempo e com a vivência.  A propósito, tudo para mim é passível de aprendizado. E, nisso, aprendi também a inventar outra vida pra mim.

Lembro-me dos sapatos apertados que calcei. Que dor terrível! Isso ocorria ora por não ter outro; ora porque a ocasião pedia... Aprendi a dizer: "DANE SE A CONVENÇÃO" . Não se assuste quando olhar para o lado e se deparar comigo caminhando a pé - em qualquer lugar aberto ou fechado – segurando um par de sapatos. Não ligo a mínima... Essa dor eu não sinto mais.


Lembro – me do medo de apanhar sem saber nem o porquê. Sofria duas vezes: a agonia da antecipação e a dor física. Hoje, em sã consciência, NÃO ME BATEM MAIS. Essa certeza já me livrou da agonia. E, se acontecer, terá sido por alguém desconhecido, sem valor algum para mim.

Ainda sinto algumas dores e medos. Estou viva! Não aprendi a ser imune. Mas, ter consciência de que são em menor número e menor intensidade, me permite compreender que cresci e aprendi. Todas as dores e medos me foram muito úteis. Sou mais tolerante hoje. Mais paciente... Não que eu as tivesse merecido todas; mas talvez eu não fosse a pessoa que sou se não tivesse enfrentado as situações. NADA AINDA ME MATOU.

Das cicatrizes, a gente não se livra facilmente. Mas, daquilo que antes fora tão ruim ponto de fazer sofrer... A gente vai se livrando pelo caminho... E não é que a gente amanheça diferente. É lentamente... Muito lentamente aprendo a decidir quando me calo e quando falo. Mais uma coisinha sobre isso: SINTA-SE IMPORTANTE ENQUANTO EU FALAR COM VOCÊ! Quando eu me calar, terei lhe esquecido.

Talvez; por isso tudo, eu (ou uma grande parte de mim) viva, hoje, numa vida inventada... Que mal isso pode fazer? Melhor seria ver e viver somente da dura e áspera realidade que nos cerca? Não aguentaria. PRECISO SABER QUE NÃO É APENAS ISSO! Preciso crer em dias melhores; pessoas melhores; em uma “Mari” melhor...



Na minha vida “meio inventada” existem dias serenos; a morte está distante; as pessoas que amo são eternas; não há gritos; não há fome; há coragem; há saúde; há trabalho  e salário justos para todos; há olhares demorados e abraços macios... HÁ PESSOAS.

Na minha vida “meio inventada”, sobra tempo para SER; para SENTIR; para OUVIR; para CONVERSAR...  Diz: Na vida real, que tempo nos sobra PRA VIVER! VI – VER e não apenas sobreviver? Na minha vida “meio inventada”, tudo é INTEIRO e INTENSO. Se alguém me perguntar se passo o tempo todo na minha vida “meio inventada”, a resposta é NÃO. Seria impossível. Há sempre algo que me traz de volta: um grito; o relógio; a correria; as ocupações e as preocupações. Mas, volto sempre para ela e lá descanso.



Por fim, preciso dizer: não estou NUNCA SOZINHA na minha vida “meio inventada”. Muitas pessoas, nem sonham, mas estão sempre lá comigo. Por vezes, eu as levo; por vezes, elas me levam. Importa que, nestes momentos, ainda que breves, VIVEMOS PLENAMENTE e absorvemos o suficiente do que é “do bem” e “da luz” para continuar a VIDA REAL. Se me achar louca, não me importarei. Essa conversa é mesmo surreal; mas, acredite: TODAS AS POSSIBILIDADES SÃO REAIS NA MINHA VIDA “MEIO INVENTADA”.



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