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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

domingo, 30 de março de 2014

A FALTA DE EDUCAÇÃO NA EDUCAÇÃO (EDUCATION OF MISSING IN EDUCATION)

POR MARI MONTEIRO


Notícias e bibliografias sobre a indisciplina e a falta de educação dos alunos não faltam. Contudo, me surpreendi quando procurei algo relacionado à FALTA DE EDUCAÇÃO e à INDISCIPLINA DO PROFESSOR em relação aos alunos; aos  seus pares e aos seus superiores. Supostamente, adultos que somos, deveríamos ser mais contidos; falar baixo; pregar a tal “ESCUTÓRIA” (termo este que credito a Rubem Alves); manter o respeito... bla, bla, blá...  Isso, na prática, não acontece. E, pior, aumenta com o tempo. Tenho medo que seja contagioso. 


Infelizmente, pude presenciar esse tipo de comportamento em TODOS os lugares em que me relacionei com professores na vida. Em todos os locais e situações, a MINORIA é educada. E a maioria não aprendeu ou não tem paciência para ouvir. Só quer falar (ou gritar...). Não é fácil constatar isso; bem como, não é fácil EXPRESSAR esta situação.  Além disso, estou ciente de que essa minha assunção desagradará muitas pessoas. Porém, tenho certeza, não será ninguém que me conheça de fato. Porque quem me conhece sabe que o que para na garganta me adoece. Então eu digo. Então eu pago o preço.

Contudo, tenho plena tranquilidade no que se refere a minha CONDUTA DOCENTE. Por muitas vezes, meus alunos me viram triste; calada; indignada... E, na maioria das vezes, tratavam-se de coisas que pude dividir com eles... Logo, sabiam que não eram eles os "causadores" do meu  estado. Agora, gritar com alunos; colegas professores e superiores é algo que NUNCA EXPERIMENTEI. E isso é algo que me confere certo crédito para tocar neste assunto...

Sei que o título, a princípio, pode parecer AGRESSIVO. É intencional.  A “agressividade” contida no título não chega a representar legitimamente a sensação de ser agredido (a) no meio educacional. Não que em outros ambientes a falta de educação seja aceitável; mas, no meio educacional, é DESCABIDA e VERGONHOSA!



De agora em diante, esclareço: FALO POR MIM. TÃO SOMENTE POR MIM. Minha fundamentação? Anos a fio frequentando ambientes educacionais (escolas privadas; universidades; escolas estaduais; escolas municipais; reuniões pedagógicas; cursos de formação etc.) Esclareço também que – em nenhum momento – minha intenção é generalizar. Por outro lado, também não serei tão pontual assim. Desnecessário. O teor deste artigo é INQUIETANTE por si só. Cada leitor, com base na sua vivência profissional e com um OLHAR CRÍTICO, poderá autenticar ou não minhas constatações e considerações.


Falo especificamente da EDUCAÇÃO (ou da falta dela) DO EDUCADOR. É necessário, antes, observar a distinção entre TOM DE VOZ e GRITOS. Há professores que possuem, naturalmente, um tom de voz alto. E, justamente por ser natural, não agride. A voz é alta, forte e firme, mas não é agressiva. Apenas este fator não caracteriza um professor mal educado.

Por outro lado, o professor mal educado é aquele que grita. Uma característica marcante deste professor é o fato de ele confundir INDISCIPLINA com LIBERDADE DE EXPRESSÃO ou com a alegria do aluno. Percebo que, nestes casos, o descontentamento (no sentido mais amplo  da palavra) está muito relacionado à falta de educação e, consequentemente, aos gritos. Isso porque distanciar-se da vida pessoal e trabalhar com seres humanos, com diferente shistórias, diferentes perfis... E não “misturar” as coisas, são ações extremamente difíceis. Não esqueçamos aqui que, antes de ser professores, SOMOS HUMANOS: sentimos dores, frio, frustrações, medo, raiva, insegurança...

O ato de “falar alto” em sala de aula se torna uma espécie de circulo vicioso: o professor fala alto porque o aluno fala alto e cada vez mais alto. SE O PROFESSOR GRITA, O ALUNO NÃO PRECISA “SE ESFORÇAR” PARA OUVI-LO. Soma-se a isso uma troca de energia muito ruim. Entre os gritos de todos, que – em determinado ponto – nem “sentem” que gritam, cria-se uma atmosfera DENSA e TENSA.

E as FISIONOMIAS? Observem. Existe um grande número de professores que já possui o rosto moldado pela “BRABEZA” (como diria minha avozinha). Já cheguei a fazer um teste comigo mesma e sugiro que façam. Fiquei em frente a um espelho e fiz de conta que estava dando uma bronca daquelas nos meus alunos. Fiz, inclusive, aquela famosa pose (a propósito viciante, chega a virar TOC!) de tentar, EM VÃO, claro, controlar uma situação de indisciplina apenas com expressões faciais. Meu Deus! Pensei: “QUE PESSOA HORRÍVEL EU SOU! QUANTAS RUGAS!”.


Neste dia, TIVE MEDO DE MIM... Quero “desmanchar” a cara fechada; descontrair lábios e olhos; falar manso. Quero CONVERSAR com meus alunos, com meus pares, com meus superiores... E, claro, isso refletirá na minha vida pessoal e vice-versa.

VISÃO ROMANTIZADA A MINHA SOBRE EDUCAÇÃO? Sim. Eu sou romântica. Não quero me tornar pedra. Não tenho no meu guarda- roupa uma máscara para cada situação. Além disso, penso que ficar "trocando de máscaras" dá muito trabalho. Resta, então, vigiar. Sorrir deve ser um hábito e não uma exceção. Quero cumprimentar e ser cumprimentada. Pense. Não é pedir muito. Basta um ESPELHO e uma boa dose de CORAGEM para ser PROFESSOR sem se deixar contaminar pelo “vírus” do mal humor... Quero um rosto e não uma carranca.

NESTE CASO, ENTENDAMOS A EDUCAÇÃO, NO SENTIDO MAIS AMPLO DA PALAVRA: NAS ESCOLAS; NAS REPARTIÇÕES PÚBLICAS EM GERAL; NO ÔNIBUS; NAS FILAS; NAS RELAÇÕES MÉDICO - PACIENTE... ENFIM, SOMENTE UMA EDUCAÇÃO "GERAL" MUDA AS CIRCUNSTÂNCIAS.



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