POR MARI MONTEIRO
Notícias e bibliografias sobre a indisciplina e a falta de
educação dos alunos não faltam. Contudo, me surpreendi quando procurei algo
relacionado à FALTA DE EDUCAÇÃO e à INDISCIPLINA DO PROFESSOR em relação aos
alunos; aos seus pares e aos seus
superiores. Supostamente, adultos que somos, deveríamos ser mais contidos;
falar baixo; pregar a tal “ESCUTÓRIA” (termo este que credito a Rubem Alves);
manter o respeito... bla, bla, blá...
Isso, na prática, não acontece. E, pior, aumenta com o tempo. Tenho medo
que seja contagioso.
Infelizmente, pude presenciar esse tipo de comportamento em TODOS os lugares em que me relacionei
com professores na vida. Em todos os locais e situações, a MINORIA é educada. E a maioria não aprendeu ou não tem paciência para ouvir. Só quer falar (ou gritar...). Não é fácil constatar isso; bem como, não é fácil EXPRESSAR esta situação. Além disso, estou ciente de que essa minha assunção
desagradará muitas pessoas. Porém, tenho certeza, não será ninguém que me
conheça de fato. Porque quem me conhece sabe que o que para na garganta me
adoece. Então eu digo. Então eu pago o preço.
Contudo, tenho plena tranquilidade no que se refere a minha CONDUTA DOCENTE. Por muitas vezes, meus alunos me viram triste; calada; indignada... E, na maioria das vezes, tratavam-se de coisas que pude dividir com eles... Logo, sabiam que não eram eles os "causadores" do meu estado. Agora, gritar com alunos; colegas professores e superiores é algo que NUNCA EXPERIMENTEI. E isso é algo que me confere certo crédito para tocar neste assunto...
Sei que o título, a princípio, pode parecer AGRESSIVO. É
intencional. A “agressividade” contida
no título não chega a representar legitimamente a sensação de ser agredido (a)
no meio educacional. Não que em outros ambientes a falta de educação seja
aceitável; mas, no meio educacional, é DESCABIDA e VERGONHOSA!
De agora em diante, esclareço: FALO POR MIM. TÃO SOMENTE POR
MIM. Minha fundamentação? Anos a fio frequentando ambientes educacionais (escolas
privadas; universidades; escolas estaduais; escolas municipais; reuniões
pedagógicas; cursos de formação etc.) Esclareço também que – em nenhum momento
– minha intenção é generalizar. Por outro lado, também não serei tão pontual
assim. Desnecessário. O teor deste artigo é INQUIETANTE por si só. Cada leitor,
com base na sua vivência profissional e com um OLHAR CRÍTICO, poderá autenticar
ou não minhas constatações e considerações.
Falo especificamente da EDUCAÇÃO (ou da falta dela) DO EDUCADOR. É necessário, antes, observar a distinção entre TOM DE VOZ e GRITOS. Há professores que possuem, naturalmente, um tom de voz alto. E, justamente por ser natural, não agride. A voz é alta, forte e firme, mas não é agressiva. Apenas este fator não caracteriza um professor mal educado.
Por outro lado, o professor mal educado é aquele que grita.
Uma característica marcante deste professor é o fato de ele confundir INDISCIPLINA
com LIBERDADE DE EXPRESSÃO ou com a alegria do aluno. Percebo que, nestes
casos, o descontentamento (no sentido mais amplo da palavra) está muito relacionado à falta de
educação e, consequentemente, aos gritos. Isso porque distanciar-se da vida
pessoal e trabalhar com seres humanos, com diferente shistórias, diferentes
perfis... E não “misturar” as coisas, são ações extremamente difíceis. Não
esqueçamos aqui que, antes de ser professores, SOMOS HUMANOS: sentimos dores,
frio, frustrações, medo, raiva, insegurança...
O ato de “falar alto” em sala de aula se torna uma espécie
de circulo vicioso: o professor fala alto porque o aluno fala alto e cada vez
mais alto. SE O PROFESSOR GRITA, O ALUNO NÃO PRECISA “SE ESFORÇAR” PARA
OUVI-LO. Soma-se a isso uma troca de energia muito ruim. Entre os gritos de
todos, que – em determinado ponto – nem “sentem” que gritam, cria-se uma
atmosfera DENSA e TENSA.
E as FISIONOMIAS? Observem. Existe um grande número de
professores que já possui o rosto moldado pela “BRABEZA” (como diria minha
avozinha). Já cheguei a fazer um teste comigo mesma e sugiro que façam. Fiquei
em frente a um espelho e fiz de conta que estava dando uma bronca daquelas nos
meus alunos. Fiz, inclusive, aquela famosa pose (a propósito viciante, chega a
virar TOC!) de tentar, EM VÃO, claro, controlar uma situação de indisciplina
apenas com expressões faciais. Meu Deus! Pensei: “QUE PESSOA HORRÍVEL EU SOU!
QUANTAS RUGAS!”.
Neste dia, TIVE MEDO DE MIM... Quero “desmanchar” a cara
fechada; descontrair lábios e olhos; falar manso. Quero CONVERSAR com meus
alunos, com meus pares, com meus superiores... E, claro, isso refletirá na
minha vida pessoal e vice-versa.
VISÃO ROMANTIZADA A MINHA SOBRE EDUCAÇÃO? Sim. Eu sou
romântica. Não quero me tornar pedra. Não tenho no meu guarda- roupa uma
máscara para cada situação. Além disso, penso que ficar "trocando de máscaras" dá muito trabalho. Resta, então, vigiar. Sorrir deve ser um
hábito e não uma exceção. Quero cumprimentar e ser cumprimentada. Pense. Não é
pedir muito. Basta um ESPELHO e uma boa dose de CORAGEM para ser PROFESSOR sem
se deixar contaminar pelo “vírus” do mal humor... Quero um rosto e não uma
carranca.