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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

sexta-feira, 14 de março de 2014

A POSTURA DOCENTE EM RELAÇÃO AOS EDUCANDOS NASCIDOS NA ERA DIGITAL. (POSTURE TEACHERS REGARDING students BORN IN THE DIGITAL AGE.)


POR MARI MONTEIRO




“Nossas teorias sociológicas, nossa filosofia política, nossa economia e nossas doutrinas educacionais derivam-se de uma tradição ininterrupta de grandes pensadores e exemplos práticos desde a época de Platão... até o final do século passado. Toda essa tradição está dominada pela premissa de que cada geração vive substancialmente em meio às condições que governaram as vidas de seus progenitores e que serão transmitidas para moldar com igual força as vidas de seus filhos. Estamos vivendo no primeiro período da história humana para qual esta suposição é falsa.” (Alfred North Whitehead – Em “The Adventure Of Ideas”).


A afirmação de Whitehead é muito oportuna para iniciar este artigo, porque fala sobre uma mudança necessária de postura na educação. Segundo ele, não é mais possível pautar e conduzir nossas ações tal como nas gerações passadas. O que é diferente de desvalorizar a história; ao contrário, valorizar os conhecimentos históricos é fundamental. A forma de fazê-lo é que precisa ser modificada.


 Há algum tempo, percebi que os interesses de nossos alunos, mudaram drasticamente. O que ocorreu basicamente por conta do avanço tecnológico e da ampliação da facilidade de acesso à internet. Diante disso, tornou-se urgente repensar nossa postura. Sobretudo, porque não podemos mais imaginar e, muito menos tratar, nossos alunos da mesma forma como fomos tratados. SEUS INTERESSES SÃO OUTROS.


Desde então, tenho empreendido esforços no sentido de entender a nova relação que deve ser estabelecida para que o processo de ensino e aprendizagem não diminua ainda mais sua QUALIDADE e seu  SIGNIFICADO. A partir de então, realizei diversas leituras e estudos a fim de elaborar o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) sobre “A importância das narrativas digitais no Ensino Médio”. Inevitavelmente, a pesquisa se estendeu e alcançou patamares inesperados; mas, muito oportunos. Constatei, por exemplo, que, com o avanço tecnológico e com o acesso cada vez mais fácil à internet, aumentou consideravelmente a DISTÂNCIA ENTRE O ALUNO E O PROFESSOR não apenas no Ensino médio, mas em todos os níveis de ensino, obviamente em escalas diferenciadas.



Um dos primeiros aspectos constatados foi a RESISTÊNCIA DA MAIORIA  DOS PROFESSORES  no que se refere às ferramentas disponibilizadas na internet.  Em segundo lugar, e em decorrência do primeiro aspecto, constatei a questão comportamental, tanto do aluno como do docente. Aspecto este que me chamou muito a atenção e; por isso, independentemente do TCC, decidi realizar uma pesquisa mais profunda.


A respeito da resistência dos professores, confesso não ter ficado surpresa. Sou educadora, convivo com educadores e com alunos e sei da reação de ambos no que se refere à internet. Enquanto para os alunos o mundo virtual é um ambiente extremamente familiar; para a maioria de nós não é. É exatamente desta constatação que decorre o segundo aspecto: A REPRESENTATIVA  DIFERENÇA COMPORTAMENTAL ENTRE PROFESSORES E ALUNOS, que cria um “abismo” (até mesmo em termos de linguagem) entre alunos e professores, fato este suficiente para desencadear uma série de CONFLITOS EM SALA DE AULA.

Constatações à parte, o TCC sobre narrativas digitais foi aprovado (com média 10) e minha vontade de continuar as pesquisas e de “transformar”, paulatinamente, minha prática pedagógica só fizeram aumentar. E, por minha conta e risco, comecei a colocar algumas ações em prática. Isso fez muito bem para mim e para meus alunos. Nossas motivações foram renovadas. Quando digo que desenvolvi algumas ações em sala de aula, confesso que NÃO FAÇO ISSO PENSANDO EXCLUSIVAMENTE PENSANDO NO ALUNO; penso em mim também. PRECISO SENTIR PRAZER AO ENSINAR... O professor precisa e merece trabalhar feliz (como diz a Professora Vera Lovato) e eu concordo plenamente!



Sendo o diálogo, em minha opinião, uma das maneiras mais eficazes de aproximar professor, aluno e conhecimento, decidi que também aprenderia mais com meus alunos se eu “fizesse parte do mundo deles”. Entenda, por gentileza, este “fazer parte” como uma espécie de oportunidade de conhecê-los melhor virtualmente e de PERMITIR que eles também me conheçam melhor. Fiz isso aceitando os convites dos alunos e adicionando-os ao Facebook. Tenho o mesmo perfil na rede desde 2009 e sempre tive alunos como AMIGOS. Observe que, no Face, não há a opção “ADICIONAR ALUNO”, mas sim “ADICIONAR AMIGO”. Este detalhe que, a princípio, parece simples faz toda a diferença na RELAÇÃO estabelecida no ambiente escolar. Um perfil diz muito sobre o “seu proprietário”: através do meu perfil, meus alunos conhecem minha família (e eu a deles); eles sabem das minhas preferências culturais em relação à música; à leitura; ao cinema; ao esporte etc. (e eu conheço as deles). Além disso, há a evidente questão de que o perfil diz muito do que eu sou através das minhas expressões escritas; dos meus posts etc. Estas informações jamais seriam COMPARTILHADAS no “MUNDO REAL”; pois entre uma aula e outra não temos tempo para isso. Contudo, esta atitude é muito comum e erroneamente confundida com EXPOSIÇÃO DO PROFESSOR em relação aos seus alunos. 


Minhas pesquisas e minha prática pedagógica estavam exatamente neste ponto quando, para minha surpresa, a gestora Maria Helena da E.E. Carlos Drummond de Andrade me fez um convite: conversar com os professores, no PLANEJAMENTO 2014, sobre esta necessidade de (RE) APROXIMAÇÃO dos professores e alunos, usando o BLOG CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (blog este que administro em conjunto com a gestão há quase um ano), no qual publico, basicamente, RELATOS DE EXPERIÊNCIAS; EVENTOS REALIZADOS PELA ESCOLA; DESENVOLVIMENTO DOS PROJETOS EXISTENTES  E TEXTOS DE FORMAÇÃO PARA PROFESSORES. E, consequentemente, sobre o USO DAS REDES SOCIAIS e a Educação, lembrando que a SECRETARIA DA EDUCAÇÃO mantém uma página no Facebook. E, não raramente, uso o Face e os e-mails para divulgar os novos artigos. Adoro este trabalho! 

No início, confesso, fiquei insegura: como será a receptividade em relação ao tema? Contudo, Maria Helena é uma pessoa “abusada”. Aceita os desafios propostos e, com argumentos e encorajamento de sobra, me forneceu a CONFIANÇA e o respaldo de que eu necessitava. Assim, nasceu a conversa em torno do tema: "A POSTURA DOCENTE EM RELAÇÃO AOS EDUCANDOS NASCIDOS NA ERA DIGITAL.”  


Diante deste compromisso, me dispus a planejar a ação através de fundamentação teórica (Usei, basicamente Zigmunt Baumman e John Palfrey & Urs Gasser) e da seleção de imagens relacionadas ao tema. Meu objetivo primeiro era, humildemente, mas muito bem fundamentada em meus estudos, e com muita HUMILDADE INTELECTUAL (expressão esta, aliás, muito usada pela Gestora Helena) “minar” as eventuais resistências ao tema. A primeira sequência de argumentos escolhidos para isso foi pautada nos seguintes aspectos: demonstração do acesso ao blog; do “pico” de acessos (e que não eram propriamente advindos do corpo docente); da necessidade de se tornar membro do blog da escola em que trabalha e de tornar visíveis as atividades docentes realizadas em sala de aula publicados e INTERAGIR com os mesmo através dos comentários.

Em seguida, me vali de uma sequência de slides que foram das “desvantagens” da internet e das redes sociais até a NECESSIDADE DE BUSCAR O EQUILÍBRIO ENTRE O MUNDO VIRTUAL E O MUNDO REAL. Isso para nos convencer de que nossos alunos, NASCIDOS NA ERA DIGITAL, não conhecem outra realidade, uma realidade que foi a nossa, mas que NÃO EXISTE MAIS e, provavelmente por isso mesmo, eles não reconhecem o valor de nossas aulas (tal como sempre foram) como deveriam. Isso porque seus INTERESSES divergem cada vez mais dos nossos. Em contrapartida, a nós educadores, NASCIDOS NA ERA ANALÓGICA e, portanto, tendo vivenciado a transição dos estreitos laços de afeto para as relações virtuais, cabe a tarefa de trabalhar para que o EQUILÍBRIO SE ESTABELEÇA e para que AS FERRAMENTAS DA INTERNET SEJAM USADAS A NOSSO FAVOR e não como “inimigas” que afetam o aprendizado, que não nos deixa trabalhar. Esta tarefa também nos cabe porque temos, supostamente, MAIS MATURIDADE MAIS DISCERNIMENTO  que nossos alunos.



Enfim, o artigo ficaria muito extenso caso eu argumentasse sobre cada um dos slides e transcrevesse AS VALIOSAS CONTRIBUIÇÕES DOS PARTICIPANTES (do período diurno e noturno). Fato é que os dois encontros foram ótimos. As questões colocadas foram muito bem entendidas e discutidas. Sou muito grata à Gestão pelo convite e pela confiança depositada e aos colegas de profissão que tão bem me receberam, proporcionando uma TROCA SALUTAR de informações e de conhecimentos. Como brinquei na discussão com os colegas do noturno: “ALCANCEI MEU OBJETIVO: PLANTEI A ‘DISCÓRDIA’, AGORA É AGUARDAR O RESULTADO DAS REFLEXÕES.” Mesmo porque, apesar de ter dito isso num contexto em que estávamos conversando descontraidamente, NÃO HÁ COMO NEGAR, OS NOSSOS ALUNOS NASCERAM NA ERA DIGITAL e, de certa forma, temos muito que aprender com eles. Desconheço, na história da educação, época mais propícia e rica para TRANSFORMAR INFORMAÇÃO EM CONHECIMENTO. Assim como não dá para negar que o docente não é mais o “DETENTOR DO SABER” e, muito menos, o “TRANSMISSOR DE INFORMAÇÕES”; pois o GOOGLE executa esta tarefa com muita eficiência! Outro aspecto que preciso mencionar é que QUALQUER RESQUÍCIO DE INSEGURANÇA DE MINHA PARTE SE FOI... O que ficou não foi uma certeza, isso não seria bom; foi um desejo enorme de RECONSTRUIR SEMPRE MINHA PRÁTICA DOCENTE; DE, AO INVÉS DE SER “ARRASTADA” PELA TECNOLOGIA, APRIMORAR MEUS CONHECIMENTOS SOBRE ELA E SEGUI-LA POR LIVRE E ESPONTÂNEA VONTADE, COLOCANDO A MEU SERVIÇO E NÃO O CONTRÁRIO... 


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