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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

INTERTEXTUALIDADE E TEXTO ARGUMENTATIVO: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS

POR MARI MONTEIRO



Não raramente, os textos que servem de base para as redações do ENEM, dos VESTIBULARES e dos CONCURSOS PÚBLICOS são diversificados; ou seja, são fornecidos ao candidato dois ou mais textos para serem lidos e usados como base para a elaboração da escrita.  Logo, a intertextualidade “equivale à relação que há entre dois ou mais textos, de mesma natureza ou de naturezas diferentes, que dialogam entre si.” (In. http://soumaisenem.com.br/portugues/generos-textuais/conceitos-basicos-de-intertextualidade - acesso em 18/11/2014).

Para que os leitores entendam a temática deste artigo, segue abaixo a atividade proposta aos alunos, cujo objetivo principal era: Verificar a habilidade inerente à interpretação textual e à elaboração de TEXTO ARGUMENTATIVO, tendo como ponto de partida a INTERTEXTUALIDADE e a relação entre a temática proposta e o cotidiano.


Leia os textos abaixo e desenvolva as questões:


TEXTO 01: A Via Láctea (Compositor: Renato Russo)

Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Mas não me diga isso

Hoje a tristeza não é passageira
Hoje fiquei com febre a tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela parecerá uma lágrima

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza das coisas com humor
Mas não me diga isso!
É só hoje e isso passa...
Só me deixe aqui quieto
Isso passa.
Amanhã é outro dia
Não é?

Eu nem sei por que me sinto assim
Vem de repente um anjo triste perto de mim
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado por pensar em mim.

Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser quem eu sou.

Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado por pensar em mim...




TEXTO 02 : SOCORRO (Arnaldo Antunes)

Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva
Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento
Acostamento
Encruzilhada
Socorro, eu já não sinto nada
Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo (...)
http://www.vagalume.com.br/arnaldo-antunes/socorro.html

TEXTO 03: PINTURA

  1 – Qual é a temática comum às duas composições poéticas?

2 – Pode –se afirmar que em ambas composições o “eu lírico” sente  o mesmo tipo de dor emocional? Comente:

 3- A POSTURA do “eu lírico” da composição “Socorro” é a mesma assumida na composição “A Via Láctea”? Justifique sua resposta

 4 – Quais seriam os supostos motivos IMPLÍCITOS nas canções  e na pintura que levam os protagonistas a se sentirem desconfortáveis

5 – Com base nos textos lidos e na obra de Vincent van Gogh, elabore um TEXTO ARGUMENTATIVO (com, no mínimo VINTE linhas) sobre o assunto. Depois de corrigido, proceda à NARRATIVA DIGITAL: (Elaborar o texto na folha oficial anexa).

No caso específico da atividade aqui apresentada, foi proposto aos alunos que desenvolvessem quatro questões anteriores à elaboração do TEXTO ARGUMENTATIVO. Tais questões forneceram subsídios para a elaboração de um texto argumentativo mais consistente; sobretudo, no que se refere à interpretação, ao vocabulário e à temática dos textos.


A SELEÇÃO DA TEMÁTICA é extremamente importante. Neste caso, o aspecto central comum aos três portadores de texto é a tristeza, que tem como ASPECTOS PERIFÉRICOS: a solidão; a  carência; a depressão e o isolamento social. E, em contrapartida, a incessante busca do ser humano por uma condição afetiva e emocional mais confortável.
Nesse sentido, é interessante proceder a uma etapa de SENSIBILIZAÇÃO anterior à realização da atividade escrita, o que inclui  a leitura das composições, a observação da obra e uma contextualização das mesmas; sobretudo,  afim de evidenciar a “ATEMPORALIDADE” a elas inerentes. 
Ou seja, trata-se de composições idealizadas há décadas e até (há séculos, no caso de Van Gogh).  Certamente esse procedimento favorecerá a percepção dos alunos de que as problemáticas implícitas (ou explícitas) nas obras tem se agravado com o passar do tempo, o que os levará a refletir sobre quais seriam os motivos, as consequências e as próprias atitudes advindas destas atitudes. Por exemplo, na primeira composição, a princípio, os estudantes imaginaram-na como “otimista” em relação à segunda. O que não procede, pois há vários momentos de ironia na composição, como os versos: “Mas não me diga isso.” / “Amanhã é outro dia/ Não é?”.


 Cabe, inclusive, uma PROVOCAÇÃO no sentido de questionar o que tornaria as seres humanos menos egoístas, menos isolados e menos infelizes.

Enfim, trata-se de AGUÇAR OS SENTIDOS e de deixa-los famintos para que o cérebro, ao roncar de fome, acorde as ideias com seu barulho   e as faça fluir em foma de PALAVRAS VIVAS!








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