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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

SE EU FOSSE EU... (inspirado na criação de Clarice Lispector) - IF I WERE ME ...

Por Mari Monteiro
Texto original em: http://pensador.uol.com.br/frase/MzY1MTYz/ (acessado em Julho de 2013)

Para que servem os poemas, a Literatura, as artes em geral senão para suscitar em nós reflexões que nos tornem melhores e transmutem nossos espíritos rumo à liberdade de pensamento e de escolhas. A primeira vez que li o poema “Se eu fosse eu”, de Clarice, fiquei intrigada; sobretudo, porque NÃO SOMOS NÓS MESMOS – não da forma intuitiva como gostaríamos. As chamadas CONVENÇÕES SOCIAIS e os pseudos BONS COSTUMES não permitem tamanha ousadia.

Se eu fosse eu , seria eu o AVESSO do que sou hoje? Ocorreu-me também que preciso, antes, saber quem sou agora. Tal como o poema original, estou certa de que, como eu mesma, não duraria muito em meio à sociedade. Alguns meses de “eu mesma” e seria banida para margem do que chamam NORMALIDADE e eu – abusada – chamo de HIPOCRISIA.

Alguém pode negar que usamos mais de uma máscara por dia? Pois, se ao contrário fosse, talvez nenhum de nós seria mantido nos empregos, por exemplo. Quantas vezes, ouvimos ofensas, cujas respostas custariam uma discussão; mas lá está a máscara do “TUDO BEM”, dizendo: “OK, o senhor está certo.”. E nas relações interpessoais, quando alguém resolve ser “supersincero”, lá está a máscara do “É MESMO!”. Quando tememos perder a pessoa amada, lá está a máscara do “VOCÊ ESTÁ CERTO!”. A questão é o quanto isso nos custa por baixo de cada máscara.

O que   quero dizer é que de tanto trocar as máscaras, nossa fisionomia corre o risco de se DESCARACTERIZAR. Se olharmos nosso semblante por um bom tempo no espelho (fiz isso e não é nada confortável), perceberemos que estamos diferentes. É difícil encarar o PRÓPRIO OLHAR e aceitar as PRÓPRIAS VERDADES, FRAQUEZAS E MEDOS.


Se eu fosse eu, com certeza, seria meio que um “EPITÁFIO AMBULANTE” no tempo presente, realizando todos os desejos pré-morte: uma coisa bastante esquisita. Nada teria sido. TUDO É! Todas as vontades possíveis  realizadas. Nenhum nó na garganta. Mal acabei de escrever esta frase e me sobreveio a inevitável questão: E as consequências? Mal termino esta e me sobressalta o medo. Somos criados assim, com todos nos dizendo o tempo todo: “Toda ação tem uma reação” (no sentido de intimidar e não de ensinar que pode haver reações boas para ações boas); “Tudo tem seu preço” e blá, blá, blá, blá... Portanto, travo. Não sei mais se consigo pensar no assunto. Não pensarei nisso por alguns minutos.

(...) Algum tempo depois...

Mas, logo comecei  a sentir uma comichão e, de novo, penso que se eu fosse eu, seria INSTINTIVA demais para pensar nas consequências. E tem mais, creio que, por breves momentos até consigo ser eu mesma... Basta prestar atenção. De hoje em diante ficarei mais atenta às minhas sensações quando isso ocorrer. A questão é que acontece tudo tão rápido que nem percebemos tais sensações, e  recolocamos a máscara mais “APROPRIADA” para o momento, com a finalidade única de manter uma reputação de boa moça...

Há uma máscara que temo mais que todas as outras: a máscara da INDIFERENÇA. Ela traz consigo a conformidade, a apatia e a covardia de assumir-se para o mundo. E isso é o fim. O fim da iniciativa, dos desejos de mudança, da busca do encontro consigo mesmo, da ousadia de DEMONSTRAR OS SENTIMENTOS (pois, ao contrário do que dizem, isso não é sinal de fraqueza, é coragem pura) e de assombrar-se com tudo que não é bom e nem do bem.


Enfim, humildemente, fiz um pacto comigo mesma: desfazer-me do maior número possível de máscaras. Peço que, por gentileza, leiam o poema original e, de verdade  (isso quase chega a ser uma praga de uma bruxa do bem) desejo -lhe muita INQUIETAÇÃO  e DESCONFORTO nesta hora; pois este é o terreno fértil para as “quedas em si mesmo”. Desejo também que suas decisões sejam tão ou MAIS OUSADAS que as minhas, para que possamos conversar sobre isso por aqui ou pessoalmente. Porque SE EU FOSSE VOCÊ, faria isso! Enquanto isso, pretendo me deliciar com a apreciação das NARRATIVAS DIGITAIS produzidas pelos meus “ALUMIGOS” (alunos-amigos) do Ensino Médio do Colégio Euclides da Cunha e quem mais se dispuser a dissertar sobre o tema!!! Todos ganharão muito com isso: autoconhecimento; amadurecimento e o melhor de tudo: a VONTADE DE FAZER A DIFERENÇA, sendo um ser único, humilde e honesto consigo mesmo.




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