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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

PROFESSOR NÃO PODE ADOECER!!!

POR MARI MONTEIRO






Afastada da Rede Pública há mais de um ano, retorno agora à “vida pública” (literalmente pública, descobri).  Após meses de tratamento por conta de “AGAROFOBIA”, síndrome desencadeada por stress pós-traumático entre outras coisas, eu RETORNEI. Acredite não me faltaram motivos para deprimir. Não os listarei aqui POR RESPEITO A MIM MESMA. Então, encare, por gentileza, este artigo como um retrato geral das condições de boa parte dos professores.

Após estudos de laudos sem fim, deliberações daqui e dali, concluiu-se que deveria voltar ao trabalho EXERCENDO OUTRA FUNÇÃO, o que tecnicamente é denominado: readaptação. Perfeito! E rápido. O processo deve ter girado em torno de dois meses. Fiquei feliz com a notícia; porém bastante ansiosa: será que eu daria conta?  Quais serão minhas novas atribuições? Como serei recebida? Agora, eu bem entendo o depoimento da colega abaixo:

Mais detalhes desta reportagem em: http://educar.wordpress.com/category/burnoutstress/


Hoje, já tenho as respostas para a maioria dos meus questionamentos e MEDOS MAIS ÍNTIMOS. Estes, sim, faço questão de torná-los públicos. Sobretudo, porque garanto que não estou sozinha. Há os docentes afastados por motivos outros e há (o que considero MAIS GRAVE, sob todos os aspectos) aqueles que sabem que precisam, mas não assumem suas mazelas, suas dores, suas angústias, suas indignações. Fiz o contrário: resolvi RESPEITAR MEUS LIMITES. Foi quando tudo desabou. Todas as gotas d’água transbordaram. NÃO ME ARREPENDO.



Fiz isso: "DESCORTINEI -ME". Quando se retoma, depois de mais de um ano, espera-se um cenário diferente (ainda mais eu: sonhadora que só!).  De cara, não foi isso que encontrei. Os mesmos problemas e as mesmas possíveis soluções elencadas no planejamento de DOIS ANOS ATRÁS. Obviamente, tudo sendo orientado pela Secretaria da Educação. Isento aqui a gestão de qualquer responsabilidade. Mas isso é MUITO TRISTE, patético até. E os professores, comprometidos que são, juntamente com a  equipe escolar, continuam resistindo e insistindo bravamente. A sensação não foi boa. Misturei ansiedade com frustração, alegria de ter voltado com o medo do que virá...

Abrindo os trabalhos, fico feliz, verdadeiramente feliz, com minha nova incumbência.  Hoje foi o primeiro dia “pra valer”, escola lotada e eu cheia de planos. Pois bem. PASSEI MAL. Suei frio, tremi dos pés à cabeça e fiquei com as mãos gélidas durante toda tarde.  Lembrei-me do que a médica disse: “Você sabe os sintomas da crise e sabe que eles não te matarão; então, aguente”. Foi o que fiz! Verifiquei minha lista de afazeres e fui tocando as coisas... Não foi fácil!!!

Mas, se me perguntarem o que é MAIS DIFÍCIL no retorno, já sei na ponta da língua. É você, com a experiência, convivência e observação saber quem SÃO SEUS AMIGOS, QUEM NUNCA FOI E QUEM SEMPRE FOI! É uma sensação ímpar. Como saber? Simples! Adoeça por mais de um ano e observe: quem te procurou? Quem se importou? Quem se mantem fiel aos seus princípios e valores depois do distanciamento? Quem fala e FAZ o que FALA? Enfim, são inúmeras constatações feitas... Todas ao mesmo tempo.



Mas... Procuro e acho sempre algo de bom em meio ao CAOS. É impagável REENCONTRAR OS VERDADEIROS E RAROS AMIGOS. Um brinde a eles. A cada olhar que troco com um amigo verdadeiro, sinto - me fortalecida.  A estes amigos, me apego e valorizo e, principalmente agradeço a Deus por tê-los por perto.  Aos demais, àqueles que não se importaram, um só desejo: NÃO ADOEÇAM E NUNCA, JAMAIS, TENTEM RESPEITAR SEUS LIMITES; caso contrário, estarão sujeitos a passar por tudo que passei... E, posso garantir, NÃO É NADA AGRADÁVEL correr atrás de médicos; frequentar o DPME (lá na casa do capeta); tomar remédios fortíssimos e sofrer os danos colaterais a cada tentativa do médico; ter crises que só passam com morfina na veia, pesadelos, insônia... Sofrer de uma doença invisível para os outros é cruel!   Então “amigos professores”, repito: PROFESSOR NÃO PODE ADOECER! Quanto a mim, farei o que Pessoa chama de "TRAVESSIA" e, oxalá, eu colha bons frutos do outro lado da margem.


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