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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

O QUE EU GOSTARIA DE APRENDER NA ESCOLA?

POR MARI MONTEIRO
Quando falamos em educação, nos pautamos numa tese aqui em outra ali. E, nesse momento, é preciso despir-se de partidarismos e de todas as formar de “pré-julgamentos” para que, “livres da perfeição”, possamos refletir sobre o que ouvimos e tirar o devido proveito. Desta vez, ouvi duas opiniões sobre educação resultante s das respostas dadas pelo ex – presidente da república Fernando Henrique Cardoso (no programa Canal Livre, na Band News, em 26/06/2013).

Ao ser perguntado sobre o que falta na educação brasileira, o ex-presidente respondeu (o que eu não esperava e – melhor – o que eu nunca havia visto ser abordado de forma tão incisiva) que, entre outras coisas, falta A REVISÃO DE CONTEÚDOS. Em suma, ele quis dizer que o aluno vai para a escola e não s e identifica com o que está sendo ensinado. Acrescentou que se fala muito em permanência na escola, em escola em tempo integral, MAS PARA FAZER O QUÊ? Neste caso, nesta altura do debate, penso que ele se referia à infraestrutura das escolas para receber o aluno por mais tempo; à formação dos professores; à alimentação adequada e outros tantos fatores.
Num determinado momento, ele disse “não sou educador”... Depois prosseguiu dizendo que falta também dignidade aos professores.  Revelou que quando lecionou em Cambridge a diferença maior não era o salário recebido, mas sim A FORMA COMO O PROFESSOR É TRATADO. Isso me tocou profundamente, porque se me perguntarem do que você sente mais falta enquanto educadora? Direi: DIGNIDADE. Sabe aquela coisa de você dizer sua profissão e a pessoa dizer: “Que máximo!”... Acho que nunca ouvi isso. Mas, continuo Professora de literatura porque acho o máximo, ao menos pra mim! O que não exclui minha indignação com as condições de trabalho e baixos salários.

Mais adiante, quando questionado sobre o Ensino Superior, ele fez um comentário importantíssimo: o número de matrículas no ensino superior aumentou; mas, o número de formandos diminuiu. O que nos remete a imaginar os inúmeros fatores que “motivam” a descontinuidade do curso: questões financeiras, escolha errada, incapacidade intelectual (isso parece forte e IMPIEDOSO de se dizer, mas conheço muitos casos).

Retomando a questão dos conteúdos, há muito tempo eles faziam sentido; por exemplo, antes do Google: “O Google sabe mais que todos os professores juntos.” (frase de um aluno meu). Antes, íamos ás bibliotecas, consultávamos vários livros diferentes, copiávamos à mão todo o conteúdo. Quando levávamos as pesquisas para a sala de aula e o conteúdo era abordado (e quando gostávamos realmente da matéria, porque, não sejamos hipócritas. A gente nunca gosta de todas!); estava aberta a “CAIXA DE SURPRESA”. Todo novo conteúdo era uma surpresa e a busca por ele só fazia valorizar o que era aprendido. Ora, se hoje sabemos que o Google, praticamente substituiu as pesquisas feitas em bibliotecas, precisaremos rever uma forma de estimular as descobertas através desta ferramenta. Não há como estagnar e ficar conjecturando saudosismos.

Outro aspecto que me sobreveio foi o seguinte: podemos (re) pensar os conteúdos, BRINCANDO DE VOLTAR A SER CRIANÇA . Por exemplo, se eu tivesse seis anos, além do aprendizado essencial das letras, o que mais eu gostaria de aprender na escola? E se eu tivesse sete? E com oito? E assim por diante. Quais seriam minhas CURIOSIDADES em tempos de tanta tecnologia, onde a  imagem e o som se sobrepõem de forma esmagadora através da TV, de textos imagéticos, da internet etc.

Ousei me fazer tais perguntas. Confesso que não soube de pronto o que gostaria de prender; mas sei bem o que não gostaria de fazer na escola: não gostaria de ficar sentada por mais de quatro horas numa sala apenas mexendo com papéis e lápis e ouvindo uma mesma pessoa repetir as coisas o tempo todo, dando ordens (e, por vezes, gritando pra todo mundo ouvir o que eu não sei). Por outro lado, me veio à mente nossa dura realidade, contamos com giz, lousa, lápis e papéis. Eis o empasse: QUALQUER CENÁRIO “LÁ FORA” É MAIS INTERESSANTE QUE O CONTEÚDO VISTO EM SALA DE AULA.



Enfim, é preciso mudar, não apenas os conteúdos relacionados ao conhecimento em si, mas os conteúdos referentes à nossa essência enquanto docentes. QUEM SOU EU NESTE TEMPO? QUE TRANSFORMAÇÕES OCORRERAM EM MIM? O QUE ME INTERESSAVA HÁ VINTE ANOS E NÃO ME INTERESSA MAIS? Certamente, não somos mais quem éramos no nosso tempo de escola (Graças a Deus!). Fato é que as “mutações” são constante s e fugazes. E, se não nos adaptamos a ela, somos atropelados; ficamos à margem e, o pior, ensinaremos conteúdos que também ficaram à margem do que se passa na realidade. Hoje, grande parte dos jovens, não veem as notícias na TV, eles são os próprios repórteres e cinegrafistas, que levam as notícias para a sala de aula. Sejamos então. AUTORES de “NOVOS” conteúdos e de novas formas de ensinar (e de aprender!). Assim, conhecemos a História passada e a História que construímos todos os dias. O elo estabelecido entre  ambos conteúdos é o que nos fará VER SENTIDO no que fazemos n a escola:  DES – CO – BRIR! Saciar desejos. Mas, primeiro, é preciso DESPERTAR este desejo: eis o desafio!

http://www.youtube.com/watch?v=W3K3j2jhuRA
Link do programa mencionado na íntegra  

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