Translate

EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

quinta-feira, 21 de março de 2013

AS REDES SOCIAIS E A HUMANIZAÇÃO DAS RELAÇÕES

por Mari Monteiro

O trato entre as pessoas, tal como as quase instantâneas mudanças sociais, tem sofrido modificações  EXTREMAS INTENSAS  e  TENSAS. Obviamente, o ser humano está sempre “SENDO” (deveria até existir uma ciência para tratar disso: a “SENDOLOGIA” conforme sugeriu, numa palestra, o professor Doutor José Eustáquio Romão) e, por isso, muda constantemente de comportamento. Então, QUAL É O PROBLEMA? Se pensarmos apenas em termos de evolução, transformação e amadurecimento, tudo certo. Contudo, não é apenas isso que acontece. Os indivíduos, em geral, estão, em primeiro lugar, sem referências (BOAS REFERÊNCIAS) na  arte, na música, na Literatura; não por falta de opções (se garimparmos encontraremos bons alimentos para a alma), mas por falta de critérios para seleção. O acesso à arte de um modo geral nunca foi tão intenso e fácil; no entanto, boa parte da população; sobretudo, os jovens, não sabem selecionar. 

Em segundo lugar, há a questão das relações virtuais, o que não é de todo ruim, ao contrário, elas oferecem muitas oportunidades de interação que, talvez, pessoalmente, o indivíduo não fosse capaz de efetivá-las. Mas, como tudo na vida, este aspecto tem dois lados (ou mais, se analisarmos mais profundamente).

 Daí, a necessidade de abordar, a princípio, os aspectos negativos advindos deste tipo de relação social. Os jovens tem perdido a habilidade (e pensar que as gerações futuras sequer perderão esta habilidade, pois não a terão CONHECIDO...) de relacionar-se “DE PERTO”: olhos nos olhos, diálogos sem pressa. Isso porque tudo no mundo virtual é muito IMEDIATISTA. Esta instantaneidade é trazida para o mundo real. Há uma urgência em tudo que fazem: Falam rápido demais; não tem paciência para ouvir; não tem interesse pela leitura, pois se habituaram à comodidade dos “TEXTOS IMAGÉTICOS”, onde tudo está pronto. A imaginação não tem o trabalho de criar, porque alguém já criou o cenário, as cores... Tudo. Diferentemente de um livro que o indivíduo lê e  a imaginação trabalha para construir cenas, cores e aromas, o que exige serenidade, tempo e inventividade “ROUBADAS” pelas imagens  PRONTAS.

 Todos estes aspectos refletem quase sempre de forma negativa, por exemplo, NA SALA DE AULA, principalmente quando se trata de ouvir as explicações, ler textos considerados mais complexos, usar um tom de voz mais adequado com colegas e professores. Na hora de escrever, FALTAM PALAVRAS e  as poucas que surgem são “pobres”, repetitivas e escassas. Para a maioria dos estudantes, é quase um parto elaborar uma redação de vinte linhas. No âmbito familiar, tais condutas contribuem para o isolamento entre as pessoas. Então, o que fazer? EQUILÍBRIO é a resposta. As redes sociais, por exemplo, quando bem utilizadas, constituem uma excelente plataforma para a manifestação de ideias e para a conscientização acerca das questões políticas e sociais. COMO FAZER ISSO? É necessário que existam inferências constantes por parte da FAMÍLIA e da ESCOLA. À escola cabe, por exemplo, solicitar o uso de ferramentas que possibilitem aos alunos praticar uma boa leitura, elaborar e registrar reflexões e APRENDER A FILTRAR o que é lido. 

Outro aspecto a ser abordado é o fato de que as relações travadas no âmbito familiar refletem diretamente na sala de aula. Ouvi algo curioso de um amigo. Segundo ele, numa tarde de domingo, não havia ninguém vendo TV na sala. Ao andar pela casa, percebeu que estava cada um no seu quarto, assistindo sua própria TV e – o mais grave – todos estavam vendo o mesmo programa; ou seja, este tempo de interação foi substituído pelo ISOLAMENTO e, consequentemente, pelo diálogo acerca do que foi visto. Fato é que NADA SUBSTITUI UMA BOA CONVERSA, um AFAGO nos cabelos, um ABRAÇO

Mas, por outro lado, é preciso admitir que o FASCÍNIO que a internet (e a mídia em geral) exerce sobre nós é “viciante”. Chega a ser uma batalha desigual tanto para a família como para a escola.  Este é o típico caso em que cabe um antigo dito popular: “Se não pode com eles, junte-se a eles.” A questão é COMPARTILHAR e REFORÇAR os aspectos positivos e COMBATER os negativos, através, por exemplo, da aprendizagem e prática de alertas contra golpes e pedofilias; seleção dos conteúdos postados (o que nada tem a ver com censura da liberdade de expressão, mas sim com a SELETIVIDADE); ou seja, os usuários (nossa! O próprio termo “usuários” remete-nos a alguma espécie de vício...) das redes sociais devem ter consciência da utilidade de suas postagens. É bom ver um post engraçado e dar risada em frente à tela, mas não é nada engraçado se deparar com posts de cunho racista ou preconceituoso.

 Enfim, absolutamente nada contra as redes sócias, faço parte de várias. Nem por isso perco as oportunidades de interagir pessoalmente. Não abro mão do olho no olho, de longas conversas e do contato físico. Sei que pode parecer que, para o adulto, isso é fácil. Sim, a maturidade ajuda. Mas se a escola e a família se unirem para esclarecer os prós e os contras (que, a propósito, são infinitamente menores que os prós), as crianças e os adolescentes poderão ser (RE) educados para aprimorar suas relações sociais, tornando-as mais humanas e mais próximas. O uso da tecnologia em prol da HUMANIZAÇÃO DAS RELAÇÕES é possível! Há muita poesia e generosidade “nas redes”, basta garimpar e tomar para si apenas o que for capaz de nos tornar INTELIGENTEMENTE MAIS AMOROSOS  e menos indiferentes...

COMENTE!