por Mari Monteiro
Na
madrugada de ontem, enquanto assistia ao programa “Ponto a Ponto”, cuja
temática era a prática leitura no Brasil, transmitido pela Band News,
deparei-me com a seguinte fala do entrevistado (cujo nome não me recordo): “O
BRASIL TEM O MAIS BAIXO ÍNDICE DE COMPREENSÃO DE TEXTO DO MUNDO.” Não que isso
seja novidade, mas dito desta forma, mereceu reparo.
Esse dado
explica (mas não justifica...) muita coisa. Se o brasileiro não compreende o
que lê, obviamente não se interessará pela aquisição de um livro e tão pouco
pela tentativa de leitura do mesmo. Imagine você que cena constrangedora (e eu,
lamentavelmente, já presenciei várias em sala de aula da Escola Pública) um
aluno, com um livro aberto fingindo ler. Além de constrangedora ( o que é muito
grave), isso é enfadonho para o aluno que finge e que muda de página quando um
colega do lado o faz. Imagino que ele
deva se sentir extremamente mal e inferior em relação aos demais. Mas, quem se importa? Ele será aprovado no
final do ano! ( Desculpem-me pela acidez com que exponho meus pensamentos na
maiorias dos casos, mas quem já vivenciou tais situações se torna incapaz de
formular frases de efeito com floreios e efeitos minimizadores de impacto.). A
comprovação de que minha típica acidez,
ao discutir, Educação Pública Brasileira, é justa é o fato de que o Brasil ocupa o último lugar
em interpretação textual. Se minha acidez fosse exagerada ou inverossímil,
certamente, não ocuparíamos esta posição vergonhosa.
Este dado
constitui mais um aspecto que se soma ao meu inconformismo pedagógico. Sempre que pude, disse aos pais das crianças:
“Se seu filho não souber ler aos oito anos de idade, procure saber o porquê,
procure toda forma de ajuda possível, porque isso NÃO É NORMAL. O NORMAL É
APRENDER.” Confesso que sempre me senti muito bem ao dizer isso... Era como se,
mesmo fazendo o mínimo, eu pudesse alertar aos pais para que não deixassem seus
filhos à margem do aprendizado.