POR MARI MONTEIRO
Não
raramente, os textos que servem de base para as redações do ENEM, dos
VESTIBULARES e dos CONCURSOS PÚBLICOS são diversificados; ou seja, são
fornecidos ao candidato dois ou mais textos para serem lidos e usados como base
para a elaboração da escrita. Logo, a
intertextualidade “equivale à relação que há entre dois ou mais textos, de
mesma natureza ou de naturezas diferentes, que dialogam entre si.” (In. http://soumaisenem.com.br/portugues/generos-textuais/conceitos-basicos-de-intertextualidade
- acesso em 18/11/2014).
Para que os
leitores entendam a temática deste artigo, segue abaixo a atividade proposta
aos alunos, cujo objetivo principal era: Verificar a habilidade inerente à
interpretação textual e à elaboração de TEXTO ARGUMENTATIVO, tendo como ponto
de partida a INTERTEXTUALIDADE e a relação entre a temática proposta e o
cotidiano.
► Leia os textos abaixo e desenvolva as questões:
TEXTO 01: A
Via Láctea (Compositor: Renato Russo)
Quando tudo
está perdido
Sempre
existe um caminho
Quando tudo
está perdido
Sempre
existe uma luz
Mas não me
diga isso
Hoje a
tristeza não é passageira
Hoje fiquei
com febre a tarde inteira
E quando
chegar a noite
Cada
estrela parecerá uma lágrima
Queria ser
como os outros
E rir das
desgraças da vida
Ou fingir
estar sempre bem
Ver a
leveza das coisas com humor
Mas não me
diga isso!
É só hoje e
isso passa...
Só me deixe
aqui quieto
Isso passa.
Amanhã é
outro dia
Não é?
Eu nem sei
por que me sinto assim
Vem de
repente um anjo triste perto de mim
E essa
febre que não passa
E meu
sorriso sem graça
Não me dê
atenção
Mas
obrigado por pensar em mim.
Quando tudo
está perdido
Sempre
existe uma luz
Quando tudo
está perdido
Sempre
existe um caminho
Quando tudo
está perdido
Eu me sinto
tão sozinho
Quando tudo
está perdido
Não quero
mais ser quem eu sou.
Mas não me
diga isso
Não me dê
atenção
E obrigado
por pensar em mim...
► TEXTO 02 : SOCORRO (Arnaldo Antunes)
Socorro,
não estou sentindo nada
Nem medo,
nem calor, nem fogo
Não vai dar
mais pra chorar
Nem pra rir
Socorro,
alguma alma, mesmo que penada
Me empreste
suas penas
Já não
sinto amor, nem dor
Já não
sinto nada
Socorro,
alguém me dê um coração
Que esse já
não bate nem apanha
Por favor,
uma emoção pequena
Qualquer
coisa
Qualquer
coisa que se sinta
Tem tantos
sentimentos, deve ter algum que sirva
Socorro,
alguma rua que me dê sentido
Em qualquer
cruzamento
Acostamento
Encruzilhada
Socorro, eu
já não sinto nada
Socorro,
não estou sentindo nada
Nem medo,
nem calor, nem fogo (...)
http://www.vagalume.com.br/arnaldo-antunes/socorro.html
► TEXTO 03: PINTURA
1 – Qual é a temática comum às duas
composições poéticas?
2 – Pode –se afirmar que em ambas composições
o “eu lírico” sente o mesmo tipo de dor
emocional? Comente:
3- A POSTURA do “eu lírico” da composição
“Socorro” é a mesma assumida na composição “A Via Láctea”? Justifique sua
resposta
4 – Quais seriam os supostos motivos
IMPLÍCITOS nas canções e na pintura que levam os protagonistas a se sentirem desconfortáveis
5 – Com
base nos textos lidos e na obra de Vincent van Gogh, elabore um TEXTO ARGUMENTATIVO (com, no mínimo VINTE
linhas) sobre o assunto. Depois de corrigido, proceda à NARRATIVA DIGITAL:
(Elaborar o texto na folha oficial anexa).
No caso
específico da atividade aqui apresentada, foi proposto aos alunos que
desenvolvessem quatro questões anteriores à elaboração do TEXTO ARGUMENTATIVO.
Tais questões forneceram subsídios para a elaboração de um texto argumentativo
mais consistente; sobretudo, no que se refere à interpretação, ao vocabulário e
à temática dos textos.
A SELEÇÃO
DA TEMÁTICA é extremamente importante. Neste caso, o aspecto central comum aos
três portadores de texto é a tristeza, que tem como ASPECTOS PERIFÉRICOS: a
solidão; a carência; a depressão e o
isolamento social. E, em contrapartida, a incessante busca do ser humano por uma condição afetiva e emocional mais confortável.
Nesse
sentido, é interessante proceder a uma etapa de SENSIBILIZAÇÃO anterior à
realização da atividade escrita, o que inclui
a leitura das composições, a observação da obra e uma contextualização
das mesmas; sobretudo, afim de
evidenciar a “ATEMPORALIDADE” a elas inerentes.
Ou seja, trata-se de
composições idealizadas há décadas e até (há séculos, no caso de Van Gogh). Certamente esse procedimento favorecerá a
percepção dos alunos de que as problemáticas implícitas (ou explícitas) nas
obras tem se agravado com o passar do tempo, o que os levará a refletir sobre
quais seriam os motivos, as consequências e as próprias atitudes advindas
destas atitudes. Por exemplo, na primeira composição, a princípio, os
estudantes imaginaram-na como “otimista” em relação à segunda. O que não
procede, pois há vários momentos de ironia na composição, como os versos: “Mas
não me diga isso.” / “Amanhã é outro dia/ Não é?”.
Enfim,
trata-se de AGUÇAR OS SENTIDOS e de deixa-los famintos para que o cérebro, ao
roncar de fome, acorde as ideias com seu barulho e as faça fluir em foma de PALAVRAS VIVAS!