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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

SE EU FOSSE EU... (inspirado na criação de Clarice Lispector) - IF I WERE ME ...

Por Mari Monteiro
Texto original em: http://pensador.uol.com.br/frase/MzY1MTYz/ (acessado em Julho de 2013)

Para que servem os poemas, a Literatura, as artes em geral senão para suscitar em nós reflexões que nos tornem melhores e transmutem nossos espíritos rumo à liberdade de pensamento e de escolhas. A primeira vez que li o poema “Se eu fosse eu”, de Clarice, fiquei intrigada; sobretudo, porque NÃO SOMOS NÓS MESMOS – não da forma intuitiva como gostaríamos. As chamadas CONVENÇÕES SOCIAIS e os pseudos BONS COSTUMES não permitem tamanha ousadia.

Se eu fosse eu , seria eu o AVESSO do que sou hoje? Ocorreu-me também que preciso, antes, saber quem sou agora. Tal como o poema original, estou certa de que, como eu mesma, não duraria muito em meio à sociedade. Alguns meses de “eu mesma” e seria banida para margem do que chamam NORMALIDADE e eu – abusada – chamo de HIPOCRISIA.

Alguém pode negar que usamos mais de uma máscara por dia? Pois, se ao contrário fosse, talvez nenhum de nós seria mantido nos empregos, por exemplo. Quantas vezes, ouvimos ofensas, cujas respostas custariam uma discussão; mas lá está a máscara do “TUDO BEM”, dizendo: “OK, o senhor está certo.”. E nas relações interpessoais, quando alguém resolve ser “supersincero”, lá está a máscara do “É MESMO!”. Quando tememos perder a pessoa amada, lá está a máscara do “VOCÊ ESTÁ CERTO!”. A questão é o quanto isso nos custa por baixo de cada máscara.

O que   quero dizer é que de tanto trocar as máscaras, nossa fisionomia corre o risco de se DESCARACTERIZAR. Se olharmos nosso semblante por um bom tempo no espelho (fiz isso e não é nada confortável), perceberemos que estamos diferentes. É difícil encarar o PRÓPRIO OLHAR e aceitar as PRÓPRIAS VERDADES, FRAQUEZAS E MEDOS.


Se eu fosse eu, com certeza, seria meio que um “EPITÁFIO AMBULANTE” no tempo presente, realizando todos os desejos pré-morte: uma coisa bastante esquisita. Nada teria sido. TUDO É! Todas as vontades possíveis  realizadas. Nenhum nó na garganta. Mal acabei de escrever esta frase e me sobreveio a inevitável questão: E as consequências? Mal termino esta e me sobressalta o medo. Somos criados assim, com todos nos dizendo o tempo todo: “Toda ação tem uma reação” (no sentido de intimidar e não de ensinar que pode haver reações boas para ações boas); “Tudo tem seu preço” e blá, blá, blá, blá... Portanto, travo. Não sei mais se consigo pensar no assunto. Não pensarei nisso por alguns minutos.

(...) Algum tempo depois...

Mas, logo comecei  a sentir uma comichão e, de novo, penso que se eu fosse eu, seria INSTINTIVA demais para pensar nas consequências. E tem mais, creio que, por breves momentos até consigo ser eu mesma... Basta prestar atenção. De hoje em diante ficarei mais atenta às minhas sensações quando isso ocorrer. A questão é que acontece tudo tão rápido que nem percebemos tais sensações, e  recolocamos a máscara mais “APROPRIADA” para o momento, com a finalidade única de manter uma reputação de boa moça...

Há uma máscara que temo mais que todas as outras: a máscara da INDIFERENÇA. Ela traz consigo a conformidade, a apatia e a covardia de assumir-se para o mundo. E isso é o fim. O fim da iniciativa, dos desejos de mudança, da busca do encontro consigo mesmo, da ousadia de DEMONSTRAR OS SENTIMENTOS (pois, ao contrário do que dizem, isso não é sinal de fraqueza, é coragem pura) e de assombrar-se com tudo que não é bom e nem do bem.


Enfim, humildemente, fiz um pacto comigo mesma: desfazer-me do maior número possível de máscaras. Peço que, por gentileza, leiam o poema original e, de verdade  (isso quase chega a ser uma praga de uma bruxa do bem) desejo -lhe muita INQUIETAÇÃO  e DESCONFORTO nesta hora; pois este é o terreno fértil para as “quedas em si mesmo”. Desejo também que suas decisões sejam tão ou MAIS OUSADAS que as minhas, para que possamos conversar sobre isso por aqui ou pessoalmente. Porque SE EU FOSSE VOCÊ, faria isso! Enquanto isso, pretendo me deliciar com a apreciação das NARRATIVAS DIGITAIS produzidas pelos meus “ALUMIGOS” (alunos-amigos) do Ensino Médio do Colégio Euclides da Cunha e quem mais se dispuser a dissertar sobre o tema!!! Todos ganharão muito com isso: autoconhecimento; amadurecimento e o melhor de tudo: a VONTADE DE FAZER A DIFERENÇA, sendo um ser único, humilde e honesto consigo mesmo.




sexta-feira, 23 de agosto de 2013

“DOBRAR PERÍODO” NO ESTADO = OPERAÇÃO TAPA BURACOS

por Mari Monteiro
Decreto 59448/13 | Decreto nº 59.448, de 19 de agosto de 2013. VEJA MAIS EM: http://governo-sp.jusbrasil.com.br/legislacao/1035783/decreto-59448-13# (acesso em 21/08/2013)

O mais hediondo disso tudo é que, analisando pelo ponto de vista da Secretaria da Educação, QUERO CRER que o Decreto supracitado tenha surgido de uma FALSA IMPRESSÃO de que tudo nas escolas funciona com excelência. Com tanta excelência, qualidade e comprometimento que, obviamente, o professor terá O IMENSO PRAZER de “dobrar período”. Afinal, ele já terá ministrado cinco aulas no período da manhã; já terá feito seu planejamento semanal para uma turma... Não lhe custará nada fazer tudo em dobro e DE DIFERENTES FORMAS, pois é impossível que existam duas turmas exatamente iguais.  E ainda lhe sobrará tempo suficiente para corrigir CRITERIOSAMENTE e com ZELO todas as atividades realizadas. E mais! Terá condições emocionais equilibradíssimas para não alterar a voz com seu segundo período. Sim. Porque já fiz isso de trabalhar dois períodos e, verdade seja dita: o segundo período é sempre prejudicado em detrimento do anterior. É HIPOCRISIA dizer que rendemos igual. Detalhe: os alunos são outros e merecem a mesma atenção e disposição dispensadas aos alunos da manhã.

Sob o ponto de vista docente, percebo mais um agravante: a maioria dos professores vai se prestar a isso. Por quê? Pelo salário. Lamentavelmente, esta é a resposta. O que me obriga  a concordar que isso ocorre também porque UM SALÁRIO DE PROFESSOR NÃO É SUFICIENTE; sobretudo, para os muitos que são arrimo de família. Diante disso, OUSO afirmar que a maioria não optará pelos dois períodos preocupados se darão conta ou não da QUALIDADE. Quando digo qualidade, refiro-me também, e principalmente, à QUALIDADE DAS RELAÇÕES SOCIAIS estabelecidas na sala de aula.


Sei que, no final das contas, cada profissional optará pelo que quiser. A liberdade de escolha existe para isso. Agora, fazê-lo sem ponderar sobre a qualidade e sobre a própria SAÚDE e sem RESPEITAR os próprios limites, é uma atitude INSANA e CRUEL, consigo mesmo e com os alunos que sentirão o “efeito rebote” advindo do caos. Além disso, que tempo sobrará para a tão cobrada FORMAÇÃO CONTÍNUA? Temos outros anseios: pais; nosso lar;  filhos (as); namorado (a); sono; cansaço; necessidade de lazer e de ócio e fome... A FOME DE SER FELIZ E DE TRABALHAR FELIZ.

Enfim, restam duas alternativas: se autoflagelar e contribuir para “TAPAR OS BURACOS” que há na rede para que a sociedade continue achando que está tudo bem. Ou ACORDAR e, consequentemente, optar por um período e OBRIGAR a CONTRATAÇÃO de mais profissionais (se é que eles existem... pois os cursos de graduação voltados para a área da educação estão às moscas) e, acima de tudo SE VALORIZAR. Bem cabem aqui os versos de Rita Lee e Roberto de Carvalho: “Não quero LUXO, nem LIXO. Quero SAÚDE pra gozar no final.”. Porque o que mais vejo são professores que, ao final de suas carreiras, se encontram num estado de total  esgotamento e frustração,  que já não tem mais “saúde” para gozar do que "colhem" enquanto aposentados. Quanto a mim, não quero ficar só com sequelas. QUERO BOAS LEMBRANÇAS. Quero ter sempre um sorriso no rosto ao receber meus alunos. Quero voltar pra casa, literalmente, INTEIRA PARA MIM E PARA OS MEUS. Prioridades, meu caro, prioridades... 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

PROFESSOR FORA DA ZONA DE CONFORTO: uma provocação necessária

por Mari Monteiro
Primeiramente, preciso definir a expressão “zona de conforto” constante do título deste artigo. Trata-se de onde nos encontramos neste exato momento (a maioria de nós). Livros na mão, giz e lousa. Há quem chame isso de falta de estrutura e culpe o sistema, a escola,os gestores... Enfim. Eu chamo isso de zona de conforto.  Enumero os motivos:

- posso justificar a péssima qualidade do meu trabalho;
- não preciso ir além das páginas do livro;
- acomodo e me sinto confortável com o que já sei;
- o conteúdo é considerado, literalmente, DADO, o que não significa: discutido, desenvolvido, trabalhado...
- através dos registros nos livros e das tarefas feitas, posso comprovar que as aulas foram dadas: coloco data e considero aula dada;

Poderia continuar encontrando outros motivos. Mas estes bastam para que possamos REVER NOSSO PAPEL. Tudo, absolutamente tudo, amanhece DIFERENTE à nossa volta, menos a escola e o que fazemos nela.

Conteúdo. O QUE É O CONTEÚDO? “Assunto, teor, soma de conceitos e ideias de texto, obra, filme etc. o conteúdo de um artigo”. Read more: http://aulete.uol.com.br/conte%C3%BAdo#ixzz2cQuu7FU8

 Costumo dizer que conteúdo é tudo que está no GOOGLE e que está nos LIVROS DIDÁTICOS! E quem vai me contradizer? Faça as perguntas e o Google responderá. Isso é confortável. Todos os estudante e professores fazem isso. O que não é nenhum pecado. O mundo usa a internet para descobrir o que não sabe. Mas NÃO É MUITO INTELIGENTE; sobretudo, se o leitor/usuário do buscador não souber FILTRAR e INTERPRETAR os conteúdos oferecidos pelo Google.
Pronto. Chegamos onde queria. PRECISAMOS
DEIXAR ESTA ZONA DE CONFORTO. Por quê? Porque há uma imensa diferença entre LER os conteúdos dos links e FILTRÁ-LOS e; sobretudo, INTERPRETÁ-LOS.  Caso continuemos ignorando as ferramentas usadas pelos alunos para realizarem suas pesquisas e lições, no máximo, estaremos contribuindo para a formação de ANALFABETOS FUNCIONAIS. É bom que tenhamos completa clareza deste termo:
“Termo que se refere ao tipo de instrução em que a pessoa sabe ler e escrever, mas é incapaz de interpretar o que lê e de usar a leitura e a escrita em atividades cotidianas. Ou seja, o analfabeto funcional não consegue extrair sentido das palavras nem colocar ideias no papel por meio do sistema de escrita, como acontece com quem realmente foi alfabetizado. No Brasil, o analfabetismo funcional é atribuído às pessoas com mais de 20 anos que não completaram quatro anos de estudo formal. Mas a noção de analfabetismo funcional varia de acordo com o país. Na Polônia e no Canadá, por exemplo, é considerado analfabeto funcional todo adulto com menos de oito anos de escolaridade.

O conceito de analfabetismo funcional foi criado na década de 30, nos Estados Unidos, e posteriormente passou a ser utilizado pela UNESCO para se referir às pessoas que, apesar de saberem ler e escrever formalmente, por exemplo, não conseguem compor e redigir corretamente uma pequena carta solicitando um emprego. Segundo a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, mais de 960 milhões de adultos são analfabetos, sendo que mais de um terço dos adultos do mundo não têm acesso ao conhecimento impresso, às novas habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se às mudanças sociais e culturais. Na declaração, o analfabetismo funcional é considerado um problema significativo em todos os países industrializados ou em desenvolvimento. Mais de um terço da população adulta brasileira é considerado analfabeta funcional.” (http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=132 – acesso em 19/08/2013)

Trocando em miúdos: O analfabeto funcional lê e escreve, mas isso não lhe traz qualquer TRANSFORMAÇÃO e nem acréscimo intelectual ou social uma vez que não entende o que lê ou escreve. Diante disso, o Google pode lhe oferecer milhares de links e suas dificuldades continuarão as mesmas. Neste caso nem Google e nem professor fazem o papel de “FACILITADORES DA CONSTRUÇÃO DE SENTIDO DA LÍNGUA ESCRITA”. Denominação comprida não é? Porém, não encontrei definição melhor para o “NOVO” PAPEL QUE O PROFESSOR DEVE ASSUMIR.
Doravante, cada um de nós deve redirecionar sua prática pedagógica. Não podemos nos ater somente aos conteúdos de ensino. Eles estão ao alcance dos alunos em todo lugar. Redirecionar, neste caso, implica em mais oralidade e questionamento acerca de tudo que é lido e “descoberto”. O aluno precisa aprender a CURIOSIDADE e a DESCONFIANÇA SAUDÁVEL sobre as informações que lhes são enfiadas goela abaixo. O aluno deve saber que tudo que foi dito ontem como verdade absoluta, pode não ser tão absoluta assim. Este comportamento deve ser instigado em sala de aula pelo professor.

O novo papel do professor implica ainda em fazer inferências e ensinar seus alunos a fazê-las também. Por exemplo, lido um texto ou uma informação, não cabe querer saber o óbvio sobre o conteúdo, pois o óbvio está explícito nos conteúdos (mídias, textos etc.). É preciso aprender a ler as entrelinhas, perceber a INTENCIONALIDADE dos autores, dos jornalistas, da mídia em geral. Caso contrário, aí sim seremos apenas “DADORES DE AULAS”.
Acredito na profissão de educador, aliás, foi bem por isso que a escolhi, porque a vejo como uma possibilidade de transformação social. Não falo aqui de milagres ou de transformações em massa. Falo de uma transformação paulatina, da diferença que um professor PROVOCADOR e ABUSADO pode fazer na vida do educando. De que adianta conhecimento sem prática? Teoria sem entendimento? Tirar dez na prova se esquece de tudo amanhã? Costumo dizer que o que FICA da vida escolar não são os conceitos aprendidos (a maioria deles é efêmera e esquecida...). O que fica são as PROVOCAÇÕES; os OLHARES SURPRESOS com algum a revelação feita pelo professor e que não estava no texto; o NÓ NA GARGANTA  diante de uma fala emotiva; a AUTENTICIDADE do professor percebida pelos alunos; os VALORES e os PRINCÍPIOS que condizem com a prática...
Enfim, não sei quanto a vocês leitores, mas eu preciso (e tento isso a cada dia) redirecionar minha prática. Penso muito no que não está ao alcance dos alunos e descubro que eles ( a maioria) não tem “acesso” a diálogos, argumentações, direito de questionar,  textos  e obras literárias de boa qualidade, o mesmo vale para a música e para a arte. ENTÃO, O QUE FAZER? Não sei. Não há receita. O que há é uma VONTADE QUE NÃO CABE EM MIM de não me conformar com o que está posto como educação, porque se isso funcionasse, não ocuparíamos uma COLOCAÇÃO TÃO VERGONHOSA no ranking mundial de educação. Assim, continuarei provocando, orientando a filtrar conteúdos e informações, interpretar, argumentar, formar o próprio ponto de vista e defendê-los com bons argumentos e não com gritos ou violência. Pois mesmo o CORRETOR DO WORLD não é capaz de exercer esse papel. Ele “diz”, em suas alternativas, onde está o erro ortográfico, dá algumas sugestões, mas é incapaz de perceber que, no texto digitado, não há coesão ou coerência. Ou seja, no world ainda não há a opção: MELHORE SEUS ARGUMENTOS. Logo, isso continua sendo uma tarefa nossa. Intransferível e muito mais relevante que a “decoreba” de conteúdos. Mesmo porque conteúdo  e informação é o que não falta. Faltam SELEÇÃO, CRITICIDADE e ATITUDE.


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

EDUCAÇÃO CAPENGA: ALGUMA DÚVIDA?

POR MARI MONTEIRO



O artigo abaixo foi publicado ontem (13/08/2013, no caderno Cotidiano, Jornal Folha de São Paulo.).

“Técnicos da Secretaria da Educação PASSARÃO A ASSISTIR AULAS EM ESCOLAS ESTADUAIS  para, depois, sugerir mudanças nas práticas dos docentes. Vista como projeto piloto, A AÇÃO COMEÇOU ONTEM e chegará a 200 escolas do 6º ao 9º ano, onde estudam 100 mil alunos, na Grande São Paulo (a rede tem cerca de 4,5 milhões de alunos). Cada colégio será visitado por dois técnicos. Em dois dias, eles assistirão as aulas, participarão de reuniões e entrevistarão alunos, professores, funcionários e diretores. Em seguida, vão propor aos professores ações que ajudem alunos com dificuldades em português e matemática. Segundo o secretário da Educação, Herman Voorwald, as informações levantadas pelos técnicos poderão nortear ações para toda a rede. A proposta é mais uma tentativa da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) de melhorar a qualidade da sua rede: 34% dos alunos do 9º ano possuem conhecimento abaixo do básico em matemática. Nos últimos dias, a Secretaria de Educação anunciou o maior concurso público de professores da história, com a abertura de 59 mil postos.”

Ao ler o artigo me ocorreram alguns inevitáveis questionamentos. PARA QUEM É SURPRESA QUE A EDUCAÇÃO PÚBLICA NÃO VAI BEM? Isso não apenas na educação básica, mas em todos os níveis de ensino. E, pior, não é de hoje!  


Outro questionamento refere-se ao CONCURSO PÚBLICO. Nenhuma surpresa!  Os professores que estão (ou estavam) na rede pública estão SATURADOS. Os mais abusados (num bom sentido) assumem suas dificuldades e se afastam. Outros insistem CAPENGANDO, do verbo capengar, que , segundo o dicionário, equivale aos sinônimos: perneta; fraco; desprezível. (http://www.dicionarioinformal.com.br/capenga/ - acesso em 14/08/2013). E outros poucos que, ainda mantêm a saúde mental e a saúde física, continuam na lida.

AINDA SOBRE O CONCURSO: "(...) A ideia da Secretaria da Educação é colocar os novos professores na rede já em 2014, ano em que Alckmin pode tentar a reeleição. Não necessariamente os 59 mil começarão de uma vez (pode ficar um "estoque" de aprovados para os próximos anos).
O plano de redução do número de temporários, porém, esbarra na dificuldade que o Estado vem tendo em reter seus professores na rede.
Desde 2011, houve concurso para 34 mil professores, mas hoje há apenas 4.000 professores efetivos a mais do que no início da gestão.
A discrepância ocorre porque não houve aprovados para todas as vagas em alguns casos. Alguns concursados novatos desistiram dos postos e parte dos efetivos teve de substituir educadores que se aposentaram.

"Chamar de uma vez 59 mil professores traz dois riscos", diz Ocimar Alavarse, pesquisador da Faculdade de Educação da USP. "Pode não ter candidatos para todas as vagas, porque o estoque de professores não é tão grande. Ou você não consegue fazer uma boa seleção", afirma.

Alavarse ressalta, porém, que, dentro do quadro atual, é melhor fazer o concurso. "O maior problema foi deixar chegar a essa situação."
A Secretaria da Educação afirma que toma medidas para estimular a permanência dos docentes na rede.
Uma delas é o plano de reajuste salarial, dividido em quatro anos, que somará 45% até 2014. O salário base atualmente é de R$ 2.300 (jornada de 40 horas semanais).


Em outra frente, o Estado passará a permitir que o concursado possa atuar também como temporário no período extrajornada. Das 40 horas semanais máximas atuais, ele poderá chegar a 64 horas.
A ideia é evitar que seja chamado um temporário para cobrir licenças ou aposentadorias, por exemplo. "A ideia é adequada, mas pode trazer sobrecarga ao professor", diz Alavarse. ( In.05/07/2013 - 04h00 FÁBIO TAKAHASHI - Folha de ão Paulo)


Outra questão que trago à baila é: quem são estes “TÉCNICOS”? Qual a formação deles? Já ministraram aulas antes? Conhecem a realidade de cada comunidade que visitarão? As escolas visitadas serão aquelas consideradas modelos no que se refere à estrutura física, para “SAIR BEM NA FOTO” e, mais uma vez, culpar o “fator humano”?

Sobre o concurso público, era completamente previsível. Não me surpreenderá se as provas forem “fáceis” para que todos sejam aprovados... Mesmo porque, a maior parte dos inscritos, teoricamente, serão os professores não efetivos, justamente por NÃO CONSEGUIREM APROVAÇÃO EM CONCURSOS ANTERIORES!!!



Outra aberração: o professor, também há tempos, vem sofrendo sérias agressões em sala de aula. Isso será levado em conta nas mudanças que, supostamente serão implementadas? Questiono isso porque, por motivos óbvios, durante a visita dos técnicos, os alunos não agirão normalmente...

Enfim, que venham os tais “TÉCNICOS”.  E que venham dispostos a enxergar e registrar a REALIDADE. Que não haja duvidosos relatórios e, muito menos, propostas de MUDANÇAS que já foram tentadas antes e falharam. O fato é que ninguém quer investir mais nos CURSOS SUPERIORES VOLTADOS PARA O MAGISTÉRIO. O professor é uma espécie de extinção. É apenas uma questão de tempo. Eis a SOLUÇÃO. Melhorar significativamente o salário para que o professor trabalhe apenas EM UMA ESCOLA e, assim como tratam os animais em extinção, cuidar muito bem daqueles que ainda SOBREVIVEM nos CATIVEIROS, para que possam procriar e render bons resultados...

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

CRIANÇAS ASSASSINAS: VONTADE DE DESACREDITAR

POR MARI MONTEIRO



Desde já, aviso: não me sinto confortável para falar ou escrever sobre este assunto. Creio que ninguém se sente. E não é um desconforto qualquer. Ele afeta profundamente nossa alma e nossas perspectivas de futuro. O fato referente ao POSSÍVEL crime, seguido de suicídio, cometido pelo garoto Marcelo Pesseghini é “surpreendente” para nós, brasileiros. Mas, não é tão raro assim em outros países, como o caso a seguir:

O caso Joshua Phillips (EUA):



O que começou como uma simples faxina terminou com a condenação de um rapaz de 14 anos chamado Joshua Phillips. Sua mãe foi limpar seu quarto uma manhã após Phillips ter ido para a escola.

Foi quando ela percebeu uma mancha molhada debaixo da cama de seu filho e pensou que era um vazamento de cano. Ela colocou a mão debaixo da cama e sentiu algo frio.

Ligou uma lanterna que lhe mostrou o cadáver de Maddie Clifton, um vizinho de oito anos de idade, que havia desaparecido há sete dias.

Pessoas da comunidade, especialmente pais do menino, mal podiam acreditar que ele poderia ter matado Clifton. Phillips inclusive foi um dos vizinhos que se ofereceram para procurar a menina desaparecida.

Como ele era menor de 16, Phillips não foi classificado para a pena de morte. Ele foi condenado e sentenciado à prisão perpétua, sem possibilidade de libertação. Phillips não disse quais foram seus motivos para matar Clifton.

Ele disse que acidentalmente atingiu-a nos olhos com um taco de baseball, e depois a arrastou para o quarto onde ele esfaqueou-a, mas o júri não se convenceu sua história.

A foto tirada de Joshua Phillips na prisão em 2008, 10 anos após o 

assassinato, neste ano, com 24 anos de idade.



Por outro lado, acredito que qualquer pessoa; sobretudo pais e educadores, deve acompanhar e refletir sobre o referido fato. E, caso se consolide esta triste e, em minha opinião, MACABRA hipótese, temos não apenas o dever, mas a OBRIGAÇÃO de refletir sobre isso e dedicar-se a uma ação, por menor que seja junto a estudantes do Ensino médio e aos pais. Impossível, continuar os PROGRAMAS CURRICULARES passando “batido” por uma questão que comoveu não apenas o país, mas o mundo. Não fazer nada é omissão e omissão e CONIVÊNCIA.

Por ora, o que fica é a esperança de que toda esta estratégica ação não tenha sido  minuciosamente planejada e executada por um menino de treze anos. Ficam também alguns questionamentos:

- o quão próximo está qualquer um de nós de um fato assim?
- o que se passa na mente de nossos filhos, irmãos mais novos, sobrinhos e alunos?
- qual é a “história” desta família?
- como nos relacionamos com as crianças e os jovens em geral?
- Quais são os ANSEIOS e as FRUSTRAÇÕES das crianças e dos adolescentes nessa sociedade volátil?
- de que modo a criança e o jovem encara o caso?

Enfim, consolidando ou não a pior das hipóteses, devemos nos debruçar sobre nós mesmos e sobre nossos DIÁLOGOS com as crianças e com os jovens.  Quanto de nós temos lhes oferecido em termos de TEMPO, de AFETIVIDADE, de “OLHOS NOS OLHOS” e de CUMPLICIDADE? E eu sempre, para variar, querendo encontrar e “tratar” as CAUSAS, mesmo porque, as CONSEQUÊNCIAS SÃO IMUTÁVEIS. Ninguém os trará de volta à vida, mas é possível evitar que isso abra precedentes...












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