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EDUCAR É, ANTES, SENTIR... E TODOS SÃO CAPAZES DISSO.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

BOOMERANG

Por Mari Monteiro

Creio que educação tem muito a ver com RECIPROCIDADE.  Desde bem cedo é bom que a criança saiba o significado desta palavra que, grosso modo, para mim, quer dizer: “SOU PARA VOCÊ O QUE VOCÊ É PARA MIM”. Quanto antes nos der conta disso, mais cedo aprenderemos a respeitar e nos colocar no lugar do outro. Resultado: menos mágoa, menos agressões e mais COLETIVIDADE.

A propósito, coletividade é o que mais falta na educação.  E se nós, adultos, não demonstrarmos isso, as crianças e adolescentes não perceberão o significado de reciprocidade e, muito menos, seu valor. A reciprocidade é uma das manifestações humanas mais louváveis e gratificantes. Pois, envolve: gratidão, empatia e respeito mútuo. Sentimentos raros hoje em dia. Entendo a reciprocidade também como a chamada lei da ação e da reação. Como um boomerang que vai e volta pra você. Caso o lancemos com violência, com violência ele voltará. Isso implica em NOS IMPORTARMOS UNS COM OS OUTROS. Daí a importância de se trabalhar ética e cidadania na escola. Mas, não somente na escola, fora dela também.

Enfim, toda minha vida pessoal, profissional e social está pautada na reciprocidade, no que eu desejo para o outro. Se maltratar as pessoas de um modo geral, não posso esperar gentilezas... E assim por diante. E, acreditem, não há nada mais gratificante que receber gentilezas. Já passei por isso muitas vezes, com muitas pessoas... e é um sentimento impagável!


 

domingo, 12 de maio de 2013

LER PARA QUÊ?

Por Mari Monteiro


Está lançado um dos maiores desafios para os professores: convencer aos alunos de a prática a da leitura é um a ação necessária para a formação de um modo geral. Para nós, docentes, a importância da leitura é clara. Se bem que sabemos que há uma boa parcela dos professores que não lê sequer os chamados periódicos. O que agrava ainda mais a situação. Como posso convencer meu aluno a ler se eu não tenho o hábito da leitura e – não tendo esta prática – não tenho boas “histórias” ou “memórias” para contar sobre minhas leituras e nem recomendações a fazer. Contudo esta NÃO É UMA RESPONSABILIDADE QUE CABE APENAS À ESCOLA. A família deve desempenhar a função de motivadora: levar os filhos às bibliotecas e às livrarias, permitir que eles folheiem e ESCOLHAM as obras que desejam ler; dar-lhes vale-presentes de livraria, por exemplo, funciona muito bem, pois o indivíduo se sente à vontade para escolher o que ler sem a presença dos pais ou a imposição da escola. Eis uma questão que me incomoda: a imposição da escola. Ou seja, o fato das escolas fazerem descer goela abaixo – sobretudo no Ensino Fundamental II - as obras clássicas da literatura, cujo conteúdo e enredo são de extrema importância, porém ainda não é chegada a hora da assimilação deste tipo de leitura. As ações em torno da prática da leitura devem começar o quanto antes, mas respeitando as escolhas do próprio aluno.

Fala-se muito em desenvolver o hábito da leitura (pauta de todo planejamento e reunião pedagógica que participei até hoje); contudo, é preciso, antes, desenvolver o HÁBITO DE FREQUENTAR LIVRARIAS e BIBLIOTECAS. Afinal, os jovens e as crianças frequentam e consomem tantos outros lugares e “coisas” mais caras que livros...



Outro entrave à leitura (adversário talvez fosse um termo mais apropriado) é a internet. Os resumos de todas as obras estão lá. E os filmes, com seus magníficos efeitos especiais, também. Alguns nada fiéis às obras originais. Daí advém a necessidade do gosto pela AQUISIÇÃO do livro ENQUANTO OBJETO DE PRAZER, MANUSEIO E SEDUÇÃO. Isso passa pela vontade de conhecer as biografias dos autores; as variedades de títulos encontradas nas boas livrarias e nas boas bibliotecas; ou seja, o gosto de escolher e de levar para casa algo que lhe despertará INÚMEROS SENTIMENTOS. E “despertar” isso no aluno (ao menos em parte deles) é uma obrigação de todo educador, não importando sua área de atuação.
  
        Costumo dizer para os meus alunos que livro bom é aquele que nos faz ENXERGAR tudo que lemos que nos leva para outros lugares e nos faz conhecer outras sensações. Aí responderão os incrédulos: “A internet faz tudo isso.” Ledo engano. Na internet está tudo PRONTO. O leitor não tem escolhas. Seus olhos só enxergam o que está à mostra e sua imaginação não cria os cenários, não escolhe as cores, os sabores, os aromas... Porque sua LIBERDADE DE PENSAMENTO FOI CERCEADA pelo hermeticamente fechado mundo da internet. Explico melhor esse paradoxo: mundo fechado da internet.  Ler um parágrafo descritivo de uma obra não é o mesmo que olhar para uma cena já desenhada numa tela (por outra pessoa). No livro, o cinegrafista, o pintor, o protagonista é você e não um designer que fez tudo segundo seu ponto de vista.

Finalmente, concordo com José Saramago quando ele diz que está havendo um retrocesso n a comunicação, que o vocabulário empregado pelas pessoas está cada vez mais escasso. Inclusive, concordo com ele quando diz que no tempo das cavernas, os homens apenas emitiam sons monossilábicos e que, se continuarmos a nos privar da leitura, muito em breve não encontraremos palavras, por exemplo, para expressar os nossos sentimentos. E um homem murmurará sons monossilábicos para uma mulher e ela se sentirá amada, pois estará feita uma declaração de amor. Concluo que este é um argumento quase irrefutável sobre a necessidade da leitura. Quanto mais leio, mais amplio meu vocabulário e, quanto mais o amplio, mais opções de palavras e expressões estarão ao meu dispor para expressar sentimentos e para argumentar. Será que respondi por que precisamos ler?


      

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